Dados do Trabalho
Título
Prevalência e Impacto de Inatividade Física em uma Comunidade Indígena Pernambucana
Introdução
O estilo de vida sedentário é importante fator de risco cardiovascular. No entanto, há escassez de dados sobre grupos de populações tradicionais, como povos indígenas. Este estudo visa avaliar a prevalência e o impacto da inatividade física na comunidade indígena Fulni-ô, menos exposta à urbanização e, teoricamente, com estilo de vida menos sedentário.
Métodos
Trata-se de estudo observacional, transversal, analítico, descritivo, com indivíduos do povo Fulni-ô, recrutados dentro da primeira fase do Projeto de Aterosclerose Indígena (PAI), que incluiu homens e mulheres entre 30 e 70 anos, sem eventos cardiovasculares prévios, entre 2016 e 2017. O PAI incluiu 3 grupos da bacia do Rio São Francisco: indivíduos de área urbana de Juazeiro-Bahia e os povos indígenas Truká e Fulni-ô. Este estudo avalia o povo Fulni-ô (Águas Belas-PE), que exerce ofícios rurais e tem menor contato com a população geral e mais baixo grau de urbanização. Foram coletadas variáveis antropométricas: peso, altura, índice de massa corporal, e circunferências do pescoço, abdominal e do quadril. Foi aplicado o Questionário Internacional de Atividade Física em versão curta, validado no Brasil, categorizando pacientes em “ativo fisicamente” (caso realize ao menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa semanalmente), “insuficientemente ativo” (se realizar atividade física em tempo menor que os ativos fisicamente) e “inativo fisicamente” (se não praticar nenhum tipo de exercício físico). As variáveis contínuas são descritas em suas médias e desvios-padrão, e as categóricas, em seus percentuais.
Resultados
Foram incluídos 152 pacientes, com predomínio do gênero feminino (71,1%), média de idade de 47 anos (47,04 ± 12,02) para as mulheres e de 48 (48,84 ± 10,91) para os homens. 59,2% da população referiu não praticar atividade física na semana, 7,9% relataram fazer até 150 minutos de atividade física semanal, e 32,9% mais de 150 minutos semanalmente. A média de circunferência abdominal foi de 91,97 cm (± 13,21) para homens e de 91,86 cm (± 13,59) para mulheres. Quando comparados aos indígenas em inatividade física, os homens praticantes de exercício apresentaram menor peso (70,98 ± 9,12 kg x 81,75 ± 15,47 kg; p = 0,007), mais baixo IMC (25,50 ± 2,38 kg/m² x 28,86 ± 5,32 kg/m²; p = 0,009) e menor circunferência de pescoço (37,15 ± 2,49 cm x 39,61 ± 2,88 cm; p = 0,004).
Discussão/Conclusão
A prevalência de inatividade física no povo Fulni-ô foi superior à descrita na literatura para a população urbana brasileira geral. Os achados de circunferência abdominal foram alarmantes, especialmente em mulheres. Por outro lado, foi possível evidenciar associação entre prática de atividade física e variáveis antropométricas favoráveis em homens indígenas, reforçando importância dos exercícios no controle do risco cardiovascular.
Palavras Chave
Inatividade Física; Saúde de Populações Indígenas; Epidemiologia
Área
Medicina
Autores
Enzo Loandos Oliveira, Jessica Andrade Granja e Silva, Carlos Alberto de Lima Botelho Filho, Anderson da Costa Armstrong