Dados do Trabalho
Título
TROMBOSE DE ENXERTO DE ARTÉRIA MAMÁRIA INTERNA ESQUERDA SEGUIDA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO EM VIGÊNCIA DE ANTICOAGULAÇÃO: UM RELATO DE CASO DO PESADELO DE UM PÓS-OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA
Introdução
O enxerto de artéria mamária interna esquerda (AMIE) para artéria descendente anterior (ADA) é o principal pilar dentre os conceitos da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). Relataremos um caso raro de uma paciente idosa que desenvolveu em pós-operatório de CRM quadro de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) e infarto agudo do miocárdio (IAM) por trombose do enxerto de AMIE.
Descrição do caso
M.D.C, feminina, 73 anos, idosa funcional, tabagista, histórico de trombose venosa profunda (TVP) aos 50 anos, um abortamento aos 30, sem diagnóstico de trombofilia, portadora de doença arterial coronariana multiarterial sintomática, submetida a CRM com enxerto composto de AMIE e veia safena. Recebeu alta hospitalar, bem clínicamente e sem queixas. Foi avaliada em sua primeira consulta ambulatorial mantendo-se sem queixas cardiológicas e anticoagulada com apixabana 5mg,12/12 horas. Realizou nesta oportunidade ecocardiograma transtorácico sem alterações relevantes. A paciente deu entrada na emergência com trinta dias do pós-operatório apresentando quadro de infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST. Realizou novo ecocardiograma com alterações segmentares significativas em território de ADA e disfunção sistólica moderada com fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 34%.Realizou cineangiocoronariografia que revelou obstrução parcial do enxerto de AMIE, não sendo visibilizado o enxerto da veia safena. Com doze horas após o cateterismo a paciente apresentou hemiparesia em dimídio direito com afasia. Foi realizada tomografia de crânio e posteriormente ressonância magnética do encéfalo que revelou AVCI em hemisfério esquerdo. Recebeu alta hospitalar no décimo dia desse segundo internamento em anticoagulação com apixabana. Durante o acompanhamento ambulatorial os exames para anticorpo anticardiolipina, anticoagulante lúpico e anti-b2-glicoproteína 1 mostraram-se positivos e em altos títulos, sendo então aventada a hipótese diagnóstica de síndrome antifosfolípide (SAAF). A paciente realizou um novo ecocardiograma transtorácico com melhora significativa da fração de ejeção do ventrículo esquerdo e apenas hipocinesia septal da região apical.
Discussão/Conclusão
A síndrome do anticorpo antifosfolípide é uma patologia que deve ser lembrada quando estamos diante de eventos tromboembólicos venosos, arteriais e morbidade gestacional. Os eventos tromboembólicos coronários são considerados raros, com escassas referências na literatura de tromboembolismo em enxerto de artéria mamária interna esquerda. Chamamos atenção em particular que na síndrome do anticorpo antifosfolípide a anticoagulação ambulatorial preferencial deve ser feita com a varfarina e o uso dos novos anticoagulantes ainda é controverso. Em conclusão, o caso apresentado mostra complicações raras decorrentes de SAAF em paciente idosa no pós-operatório de CRM mesmo em anticoagulação. Esperamos que este caso contribua em elevar a suspeição em futuros casos semelhantes.
Palavras Chave
Trombofília; AVC; Cirurgia de revascularização miocárdica; Trombose coronária; Anticoagulação
Área
Cirurgia Cardíaca
Autores
Lara Macedo, Alessandro Dias, Dannyl roosevelt