32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DA CORREÇÃO DA PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL EM NEONATOS: EVOLUÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL E POSSÍVEL CORRELAÇÃO COM AVANÇOS TECNOLÓGICOS (2013-2023)

Introdução

O canal arterial consiste numa ligação vascular fetal entre a artéria pulmonar principal e a aorta, que normalmente se bloqueia pouco tempo após o nascimento. Define-se persistência do canal arterial (PCA) quando este não se desfaz após 72 horas de vida. A correção dessa patologia tem relevância clínica, pois reside na prevenção de complicações graves, como a diminuição permanente da função cardiovascular (ICC), principalmente no neonato prematuro, além de melhoria da qualidade de vida e na redução da morbidade associada a essa condição. Assim, torna-se essencial avaliar as tendências epidemiológicas da correção da PCA no Brasil na última década, permitindo a formulação de políticas públicas eficazes que ajudem no manejo dessa condição.

Métodos

Trata-se de um estudo de coorte transversal retrospectivo utilizando informações do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), contidas no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletados dados referentes ao número total de internações para a correção da persistência do canal arterial no recém nascido no Brasil, bem como ao número total de óbitos, taxa de mortalidade, média de permanência hospitalar advindos dessa condição, entre os anos de 2013 a 2023. Foi realizada análise de correlação entre as variáveis ​​por meio do coeficiente de correlação de Pearson, cuja significância foi verificada por meio do teste t de Student. Tal análise foi realizada pelo sistema de software livre PSPP. O nível de significância estabelecido foi de 5%.

Resultados

De 2013 a 2023, ocorreram um total de 1.526 internações para a correção da persistência do canal arterial no recém nascido no país, e com 112 óbitos decorrentes desse procedimento em âmbito hospitalar no Brasil. A taxa de mortalidade média foi de 7,34% (112/1.526). Neste mesmo corte temporal, a taxa média de permanência hospitalar foi de 27,7 dias. Nesse período, houve tendência decrescente no número de internações (r = -0,952; p < 0,001), no número de óbitos (r = -0,925; p < 0,001), na taxa de mortalidade média (r = -0,755; p = 0,007) e na média de permanência hospitalar (r = -0,884; p < 0,001) anual.

Discussão/Conclusão

A análise dos dados referentes à correção da PCA em neonatos no Brasil revela resultados positivos, evidenciados pela significativa redução no número de internações, óbitos, taxa de mortalidade média e tempo médio de permanência hospitalar. Essa melhoria pode ser atribuída ao avanço das tecnologias de imagem, como os ecocardiogramas, que permitem a detecção precoce e precisa da PCA, propiciando intervenções mais rápidas e eficazes. Juntamente com o aprimoramento dos processos educativos e preventivos durante o pré-natal, que aumentam o conhecimento sobre os fatores de risco e garantem a monitorização da gestante de alto risco. Outro possível fator é o progresso nos cuidados intensivos neonatais, especialmente no suporte respiratório e cardíaco, fundamentais para os recém-nascidos prematuros, que podem ser mais suscetíveis à PCA.

Palavras Chave

Persistência do Canal Arterial; Recém nascido; neonato

Área

Cardiologia pediátrica

Autores

Tiago Andrade Medeiros de Moura, Larissa Soares Vieira, Yago Santiago Nascimento, Ivaldo Pedrosa Calado Filho, Juliana Magdolna Dias Emerenciano Melo, Maria Helenna Valadares da Rocha, Suzanna Vieira de Melo Lessa