Dados do Trabalho
Título
Perfil epidemiológico da mortalidade por insuficiência cardíaca no Brasil: Uma análise de 2020 a 2023
Introdução
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica com sinais e sintomas causados por uma anormalidade estrutural ou funcional do coração, corroborada por níveis elevados de BNP e/ou evidência objetiva de congestão pulmonar ou sistêmica. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a IC afeta cerca de 2% da população mundial, sendo mais comum entre idosos e pessoas com comorbidades Causa sintomas como fadiga, falta de ar, edema, hospitalizações frequentes e morte súbita. O tratamento da IC exige uma abordagem abrangente e multifatorial, incluindo mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. A partir disso, o objetivo deste estudo é analisar a proporção de óbitos entre os hospitalizados por IC no Brasil.
Métodos
Foram coletados dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-DataSUS) sobre internamentos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2023, focando em pacientes com 18 anos ou mais diagnosticados com os códigos internacionais da doença (CID) relacionado ao diagnóstico de IC CID-10: I50, I50.0, I50.1 e I50.9. Foi ajustado um modelo multivariado de regressão logística binária, utilizando-se o software R 4.3.2, para identificar fatores de risco independentes para óbito, considerando estatisticamente significativo um p-valor < 0,05. As variáveis analisadas incluíram idade, sexo, etnia, região do país, tempo de internação, caráter de internação e admissão em UTI.
Resultados
Entre 2020 e 2023, ocorreram 741.962 internações por IC, 1,5% do total. Destas, 623.514 tinham registradas as variáveis do estudo. A letalidade intra-hospitalar foi de 12,1% (IC95%: 12-12,2). Idosos (≥ 60 anos) tiveram maior risco de óbito (OR = 1.99; IC95%: 1.95-2.03; p<0.001). Mulheres tiveram maior risco de óbito que homens (OR = 1.08; IC95%: 1.06-1.09; p<0.001). Brancos e pretos tiveram maior risco de óbito que pardos respectivamente (OR = 1.09; IC95%: 1.07-1.11; p<0.001 e OR = 1.13; IC95%: 1.09-1.17; p<0.001). Não houve diferença para amarelos e indígenas. Internações eletivas apresentaram menor risco de óbito (OR = 0.82; IC95%: 0.79-0.85; p<0.001) comparadas às de urgência. Internamentos superiores a 2 dias apresentaram menor risco de óbito, de modo que apresentaram OR e IC95% menor que 1. Pacientes em UTI tiveram maior risco de óbito (OR = 3.2; IC95%: 3.14-3.25; p<0.001). Regionalmente, o Sul (OR = 0.8; IC95%: 0.78-0.82; p<0.001) e Centro-Oeste (OR = 0.77; IC95%: 0.74-0.8; p<0.001) tiveram menor risco de óbito que o Sudeste, enquanto o Norte teve maior risco (OR = 1.13; IC95%: 1.09-1.18; p<0.001), sem conclusões significativas para o Nordeste.
Discussão/Conclusão
Observa-se que a idade avançada, gênero feminino, brancos e pretos tiveram maior risco de desfecho de óbito quando comparados aos grupos de referência. Além disso, também foi observado maior desfecho de morte em pacientes com até 2 dias de internamento, internados em caráter de urgência e que necessitaram de UTI, denotando situações em que os pacientes se encontram em maior gravidade.
Palavras Chave
Insuficiência Cardíaca; Internações; perfil epidemiológico; mortalidade hospitalar
Área
Insuficiência Cardíaca
Instituições
Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil
Autores
Tiago de Carvalho Barbosa, Nícolas Gabriel de Oliveira, Iane da Rocha Temporal, Maria das Neves Dantas da Silveira Barros