32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA CARDIOPATIA REUMÁTICA CRÔNICA NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL NA ÚLTIMA DÉCADA

Introdução

A Cardiopatia Reumática consiste em uma complicação relacionada a múltiplos episódios ou a um único episódio grave de Febre Reumática, sendo caracterizada como uma sequela inflamatória aguda e não supurativa da infecção faríngea por estreptococos do grupo A. Essa patologia é marcada pelo dano crônico ao tecido cardíaco, sobretudo às válvulas cardíacas e responde por parcela significativa dos internamentos e cirurgias cardíacas em pacientes jovens, o que evidencia a gravidade do problema.

Métodos

Foi realizado um estudo transversal retrospectivo por meio da plataforma online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Na seção de Morbidade Hospitalar, foram obtidas informações referentes à doença reumática crônica do coração segundo os estados da região Nordeste do Brasil (NE). Buscou-se analisar a evolução do perfil epidemiológico dos pacientes internados (faixa etária, sexo e cor/raça), além da quantidade de óbitos e da taxa de mortalidade ao longo da última década (janeiro de 2014 a junho de 2024).

Resultados

No período analisado, foram registradas 23.749 internações e 1.587 óbitos por cardiopatia reumática no NE. Não existiu um padrão na progressão dos casos, entretanto, nota-se que os dois últimos anos, 2022 e 2023, registraram o maior número de internamentos, somando 5.145, cerca de 18% do total. De modo semelhante, esses dois anos também representaram os períodos com maior quantidade de óbitos, 341 casos (21,5%). Quanto ao perfil epidemiológico, nota-se que os pacientes mais afetados são os do sexo feminino (58,7%), pardos (50%) e com faixa etária entre 40 a 49 anos (20,7%). Em relação aos óbitos associados à doença, a Bahia representou o estado do NE com maior número de casos (21,8%) e o Piauí, o menor (4,4%). Além disso, esses estados também obtiveram, respectivamente, o maior índice de internação (28,85%) e a menor taxa de mortalidade (4,315%). É interessante destacar que, apesar de apresentar a menor quantidade de internações com 1.158 casos (5%), Sergipe apresentou a maior taxa de mortalidade entre os estados (10,79%), acima da média da região (6,68%).

Discussão/Conclusão

A identificação epidemiológica é de suma importância para reconhecer as possíveis falhas na profilaxia da febre reumática. Convém ressaltar que tal patologia representa um reflexo da saúde pública, uma vez que sua incidência tem correlação direta com a pobreza. Condições como desnutrição, falta de saneamento básico e habitações superlotadas aumentam os riscos para o contágio pelo estreptococo. A recente alta nos casos questiona a qualidade dos serviços públicos, indicando potenciais falhas preventivas, bem como má qualidade de vida da população. Além disso, avaliando os dados de Sergipe, fica evidente certa desigualdade de acesso a serviços de maior complexidade entre os estados do NE. Nesse sentido, o reconhecimento desse panorama é vital para orientar investimentos em políticas sociais e de saúde.

Palavras Chave

cardiopatia reumática; perfil epidemiológico; internamento hospitalar; Morbimortalide

Área

Cardiologia clínica

Instituições

Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

ELLEN ELLEN GUEDES, ANDRÉ LOPES LACERDA SALES, THAÍS LUIZA OLIVEIRA DE HOLANDA, EDUARDA SILVA DUARTE