32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

DISSECÇÃO ESPONTÂNEA DA ARTÉRIA CORONÁRIA (DEAC): RELATO DE CASO

Introdução

A dissecção espontânea da artéria coronária (DEAC) é uma causa da síndrome coronariana aguda não aterosclerótica pouco comum, afetando principalmente mulheres jovens, tendo forte relação com a gravidez. Devido a baixa prevalência de fatores de risco cardiovascular e perfil epidemiológico único, sua causa pode ser multifatorial, com fortes contribuições genéticas, hormonais, doenças inflamatórias sistêmicas e arteriopatias herdadas ou adquiridas. Definida como uma separação espontânea, não iatrogênica, das camadas da parede arterial coronariana, pode ser causada por hemorragia na camada íntima, sem ruptura e/ou formação de um rompimento que leva a um retalho da íntima, formando um hematoma intramural ou um lúmen que pode gerar a isquemia miocárdica.

Descrição do caso

Paciente masculino, 46 anos de idade, deu entrada na emergência cardiovascular referindo dor torácica com uma hora de evolução, em região retroesternal, progressiva, que piora aos esforços e associada a dispneia. Possui internamento prévio por quadro infeccioso sendo aventada a hipótese de miocardite. Ao exame físico apresentava ausculta cardíaca normal sem sinais de congestão pulmonar e exames laboratoriais apresentavam elevação das enzimas cardíacas (troponina T e CKMB). A angiotomografia de tórax evidenciou discreta lesão no terço médio de artéria descendente posterior, porém que não justificava as elevações da troponina. Dessa forma foi realizada uma ressonância cardíaca que evidenciou alteração isquêmica, sendo optado por realizar cateterismo cardíaco no qual foi encontrado oclusão de artéria descendente posterior com imagem sugestiva de dissecção espontânea da coronária direita. Após procedimento, foi mantido tratamento clínico com estatina de alta potência e bloqueador beta 1-adrenérgico e optado por acompanhamento ambulatorial.

Discussão/Conclusão

Sabe-se que as características da DEAC nos homens e as possíveis diferenças clínicas entre os sexos continuam pouco estabelecidas, pois esses possuem fatores de predisposição e precipitação diferentes das mulheres, além disso a presença de displasia fibromuscular (DFM) e a associação com distúrbios mentais parecem ser menos comuns em homens, enquanto o exercício físico intenso é mais comumente observado como desencadeador da DEAC nesse grupo. Nesse mesmo estudo, mostrou que consumo de drogas recreativas e arritmias ventriculares foram encontrados com mais frequência em homens e o hipotireoidismo sendo mais frequente nas mulheres afetadas. Conclusão: Deve-se ter em mente que a DEAC é uma doença que afeta também os homens e que ambos os sexos se beneficiam de um manejo conservador, proporcionando um desfecho hospitalar positivo para o paciente.

Palavras Chave

Síndrome Coronariana Aguda; Fatores de Risco

Área

Doença arterial coronariana

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE OLINDA - Pernambuco - Brasil

Autores

SILVIO HOCK DE PAFFER FILHO, ADRIANA SANCHES FLORES, HUGO DANIEL BEZERRA DE ALBUQUERQUE LINS , FERNANDO SOUTO NETO, LUANA PEREIRA SILVA FERREIR