Dados do Trabalho
Título
CORRELAÇÃO ENTRE O TEMPO DE PERMANÊNCIA E TAXA DE MORTALIDADE POR TRANSTORNOS DE CONDUÇÃO E ARRITMIAS CARDÍACAS NO BRASIL, ENTRE 2008 E 2023.
Introdução
Os Transtornos de Condução e Arritmias Cardíacas (TCAC) estão no grupo das doenças que são a principal causa de morte no Brasil. Caracterizados por uma alteração eletro-rítmica no sistema de condução cardíaco, esses transtornos têm o padrão de atendimento e diagnóstico difíceis por possuir manifestações clínicas e eletrocardiográficas variáveis. A necessidade de avaliação de diagnósticos diferenciais, arritmias prévias, comorbidades e, ainda, o fato de parte das condutas para resolução dos quadros da doença envolver procedimentos invasivos fazem com que o tempo de permanência e exposição do doente por TCAC no ambiente hospitalar aumente. Desta forma, verificar a correlação da taxa de mortalidade com o tempo de internamento é necessário, uma vez que este tempo pode representar um fator de mau prognóstico.
Métodos
Foi realizado um estudo de corte transversal retrospectivo por meio de dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). No painel de Morbidade Hospitalar do Sistema Único de Saúde, foram coletados os dados relacionados ao número de internações efetuadas, tempo médio de internamento hospitalar e taxa de mortalidade resultantes de TCAC no Brasil, durante o período de 2008 a 2023. Após a coleta, foi feita uma análise de correlação entre as variáveis através do coeficiente de correlação de postos de Spearman, após a constatação da anormalidade de distribuição dos dados através do teste de Shapiro-Wilk. O nível de significância adotado foi de 5%. Todas as análises estatísticas foram realizadas por meio do sistema de software livre R, na modalidade R Studio.
Resultados
No período considerado para o estudo foram registradas 970.408 internações por TCAC, com um tempo médio de permanência das internações de 4,6 dias e a taxa de mortalidade média de 10,3, sendo esta última a razão entre a quantidade óbitos e Autorizações de Internação Hospitalar pagas, computadas como internação, multiplicada por 100. Ao longo dos anos considerados, houve uma forte tendência no aumento da taxa de mortalidade (r = 0.970; p < 0,001) e uma tendência moderada a forte no aumento do tempo de médio de internação (r = 0.682; p = 0,005). Ao analisar as duas variáveis, fica evidenciada uma moderada, porém significativa, correlação entre o tempo de internação e a taxa de mortalidade (r = 0.553; p = 0,02).
Discussão/Conclusão
As análises evidenciadas alertam que, apesar dos avanços tecnológicos e melhorias nos cuidados hospitalares, os pacientes nos últimos 16 anos enfrentaram progressivos desfechos mais graves. A correlação entre a taxa de mortalidade e o aumento do tempo médio de internação tornam este último provável fator de mau prognóstico para a TCAC. Contudo, apesar das constatações estabelecidas, pesquisas futuras devem considerar abordagens prospectivas e análises sistemáticas para a compreensão de quais fatores estão relacionados especificamente às tendências deste estudo.
Palavras Chave
Arritmias cardíacas; Epidemiologia; Epidemiologia descritiva; mortalidade hospitalar
Área
Arritmias e Estimulação Cardíaca
Instituições
Centro Universitário CESMAC - Alagoas - Brasil, UNIMA | AFYA - Centro Universitário de Maceió - Alagoas - Brasil
Autores
Fábio Jean da Silva Gomes FIlho, Maria Eduarda Gleife Leite de Novaes, Lucas Leite da Costa, Gabriel Silva dos Anjos, Gabriel Quirino Lima, Giselle Fernanda Tenorio Medeiros Oliveira, Maria Clara Maia Fernandes Peixoto