Dados do Trabalho
Título
Quantificação dos Internamentos por Febre Reumática Aguda nas Regiões do Brasil: Uma Análise Comparativa entre 2010-2013 e 2020-2023 com Base nos Dados do DATASUS
Introdução
A febre reumática aguda (FRA) é uma complicação não supurativa da faringoamigdalite causada pelo Streptococcus β-hemolítico do grupo A, com envolvimento cardiovascular em cerca de 70% dos casos. No Brasil, a cardiopatia reumática é a principal causa de doença cardíaca em crianças e adultos jovens, e suas sequelas crônicas respondem por um terço das cirurgias cardíacas realizadas no país. Assim, este estudo visa analisar os índices de internação por FRA no Brasil, comparando os períodos de 2010 a 2013 e 2020 a 2023 entre as macrorregiões do país.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo que analisou dados secundários sobre internações por FRA no Brasil, obtidos na seção de morbidade hospitalar do DATASUS, referentes aos períodos de 2010 a 2013 e de 2020 a 2023. Os dados foram calculados através do Microsoft Excel 2407.
Resultados
No período de 2020 a 2023, foram registradas 5.317 internações por febre reumática aguda no Brasil, uma redução de 74,52% em comparação com as 20.867 internações ocorridas entre 2010 e 2013. A região Nordeste destacou-se com a maior redução percentual (81,48%), enquanto a região Sul apresentou a menor redução (61,15%). Entre 2010 e 2013, o Nordeste liderou em número de internações, representando 41,56% do total, dominando também cada ano desse período. Nesse mesmo intervalo, o Sul teve a menor participação, com apenas 8,17% do total de internações, mantendo os menores valores anualmente. Já entre 2020 e 2023, o Sudeste passou a registrar o maior número de internações totais (36,90%), liderando na maioria dos anos, exceto em 2021, quando foi superado pelo Nordeste. Já a região Centro-Oeste registrou o menor número de internações totais (8,69%) e manteve os menores números anualmente nesse segundo período.
Discussão/Conclusão
Dentre os possíveis fatores determinantes da redução das internações por FRA no país, aponta-se o fortalecimento da atenção básica, especialmente com a expansão do Programa Saúde da Família, atuante na promoção do diagnóstico e tratamento precoce das infecções estreptocócicas, bem como no fortalecimento das práticas de saúde facilitando acesso a antibioticoterapia. Provavelmente essas mudanças foram mais refletidas na região nordeste, o que explica a maior redução percentual das internações em relação às demais regiões. A menor redução de internamentos no sudeste explica-se, possivelmente, pela presença de cepas mais reumatogênicas do S. pyogenes que pode ser mais persistente em áreas urbanas densamente povoadas, onde as condições de aglomeração e a circulação de pessoas favorecem a transmissão do patógeno, justificando a inversão geográfica do perfil epidemiológico no segundo período analisado. Ademais, é importante pontuar a redução dos internamentos na pandemia, que priorizou o cuidado aos pacientes da COVID-19. Sendo assim, identificar as questões sociais e epidemiológicas das regiões é essencial para a implementação de campanhas públicas de educação e conscientização que diminuam ainda mais a incidência e os internamentos por FRA.
Palavras Chave
febre reumática; Streptococcus pyogenes; perfil epidemiológico; Brasil; morbidade
Área
Cardiologia clínica
Instituições
Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil, Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil
Autores
Daniel Gondim Malta, Abla Vitórya Nejaim Tenório Xavier, Danielle Mariane Gondim Malta, Davi Ricardo Soares Gama de Amorim, Giovanna Lucian Perazzo Correia de Araujo, Jessyrayanne Mayalle de Oliveira Barbosa, Rafael Vieira de Menezes, Vitória Açucena Menezes Souza