Dados do Trabalho
Título
DIAGNÓSTICO DE HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA A PROVÁVEL HIPERALDOSTERONISMO EM PACIENTE ADMITIDO COM PARALISIA FLÁCIDA AGUDA - RELATO DE CASO
Introdução
Este relato descreve o caso de um paciente de 45 anos com hipertensão mal controlada, que apresentou paralisia flácida aguda, suspeita de estar associada a hiperaldosteronismo primário.
Descrição do caso
Homem, 45 anos, com histórico de hipertensão mal controlada e episódios recentes de picos pressóricos, foi admitido na emergência com fraqueza muscular progressiva iniciada há dois dias, inicialmente nos membros inferiores e evoluindo para os superiores, resultando em incapacidade de deambulação e movimentos dos braços. Negou febre, alterações sensoriais ou episódios prévios semelhantes de fraqueza.
Na admissão, sua pressão arterial era de 150x102 mmHg, e o exame físico revelou paralisia flácida dos quatro membros e hiporreflexia generalizada, sem sinais de insuficiência respiratória ou cardiovascular. Exames laboratoriais mostraram hipocalemia severa, com potássio sérico de 1,5 mEq/L, associada a alcalose metabólica, com sódio sérico normal. O paciente foi tratado com reposição de potássio, apresentando melhora clínica. Exames neurológicos e tomografia não justificaram os sintomas, e a principal suspeita foi de hiperaldosteronismo primário, devido à ausência de uso de diuréticos, diarreia ou outras causas de hipocalemia grave.
Uma avaliação neurológica externa não encontrou achados relevantes e a tomografia de crânio foi normal. A TC de abdômen revelou um nódulo sólido de 2,0 cm na adrenal esquerda, sugerindo adenoma (aldosteronoma). Devido ao controle pressórico com Tridil e hipocalemia refratária, o paciente ficou quatro dias na emergência recebendo cuidados intensivos e foi transferido para a UTI, onde permanece. O tratamento inicial incluiu reposição de potássio e espironolactona, resultando em melhora clínica significativa e normalização do potássio sérico para 4,3 mEq/L em 48 horas.
A dosagem de aldosterona e renina plasmática não foi feita devido à gravidade do caso. O paciente aguarda o momento oportuno para a adrenalectomia laparoscópica para remover o adenoma e normalizar a produção de aldosterona.
Discussão/Conclusão
A hipocalemia severa é uma causa rara, mas importante,de paralisia flácida aguda. Em 1955,Jérôme Conn descreveu a síndrome que leva seu nome, caracterizada pela presença de hipertensão grave, hipocalemia e alcalose metabólica, condições que não respondiam bem ao tratamento convencional. Estas manifestações estavam frequentemente associadas a um adenoma suprarrenal, como no caso relatado.
A presença dessa tríade de sintomas—hipertensão grave, hipocalemia e alcalose metabólica—deve sempre alertar para a possibilidade de uma condição que tem um tratamento curativo, como o hiperaldosteronismo primário (síndrome de Conn), cujo tratamento é a remoção cirúrgica do adenoma suprarrenal. No caso apresentado, essa abordagem provavelmente será o próximo passo no manejo do paciente. O objetivo do relato de caso foi alcançado ao demonstrar a presença desses elementos clínicos, sustentando a suspeita diagnóstica e justificando a estratégia de tratamento planejada.
Palavras Chave
Hipertensão; Hiperaldosteronismo; Sindrome de Conn; Paralisia Periódica Hipopotassêmica; Hipopotassemia
Área
Cardiologia clínica
Instituições
Faculdade Pernambucana de Saúde - FPS - Pernambuco - Brasil, Hospital Agamenon Magalhães - HAM - Pernambuco - Brasil
Autores
José Gabriel Linhares Vieira, Giordano Bruno de Oliveira Parente, Evandro Cabral de Brito, João Paulo da Silva Sousa, Fábio André Ferreira da Silva