Dados do Trabalho
Título
TROCA VALVAR AÓRTICA COM AMPLIAÇÃO DO ANEL AÓRTICO PELA TÉCNICA DE BO YANG: AUMENTO DE TRÊS NÚMEROS VALVARES
Introdução
A estenose aórtica é uma das patologias cardíacas que mais acometem a população mundial. O tratamento definitivo empregado é a substituição valvar, podendo ser feita de maneira cirúrgica ou transcateter. De forma geral, para pacientes abaixo de 75 anos, é indicada a troca valvar aórtica cirúrgica. A prótese ideal é calculada no pré-operatório através da multiplicação da área de superfície corporal do paciente com uma constante (0,85) que define o orifício valvar efetivo indexado mínimo, a fim de evitar o mismatch paciente-prótese (desproporção entre o tamanho da prótese e o paciente).
Descrição do caso
MMS, 65 anos, portadora de hipertensão arterial, diabetes mellitus e obesidade grau 3. Admitida na emergência com quadro de dispneia progressiva e insuficiência respiratória. Iniciado o tratamento para edema agudo pulmonar com nitroglicerina endovenosa e furosemida. Após estabilização, a paciente foi submetida à investigação com ecocardiograma sendo diagnosticada com estenose aórtica severa (área valvar aórtica de 0,5 cm e gradiente médio de 84 mmHg). Foi indicada troca valvar aórtica e calculado que seria necessária uma prótese com área > 1,53 cm2 para evitar mismatch (bioprótese número 23). Durante a cirurgia, verificou-se o anel aórtico reduzido, não suportando uma prótese tamanho 21. Optou-se então por realizar a técnica de Bo Yang para ampliação do anel aórtico, utilizando-se um patch de pericárdio retangular. Com isso, foi possível ampliar o anel aórtico e implantar uma valva número 25. O procedimento ocorreu sem intercorrências, com duração de 2 horas e 40 minutos, sendo 84 minutos de circulação extracorpórea e 60 minutos de anóxia. A paciente obteve boa evolução no pós-operatório (PO), necessitando apenas de nitroprussiato de sódio para controle pressórico. Foi extubada com 5 horas de PO e recebeu alta da Unidade de Recuperação Cardiotorácica no segundo dia pós cirúrgico, tendo alta hospitalar no sexto dia após a cirurgia.
Discussão/Conclusão
O mismatch aórtico está relacionado ao aumento de mortalidade desde os primeiros dias de PO dos pacientes submetidos a troca valvar aórtica, portanto, é imprescindível evitar ao máximo essa condição. Técnicas clássicas de ampliação da raiz da aorta usualmente aumentam apenas um número valvar. Uma das estratégias mais aceitas no planejamento ao longo da vida dos pacientes portadores de estenose aórtica é a primeira abordagem de maneira cirúrgica a fim de colocar a maior prótese possível, para que as abordagens posteriores sejam feitas de maneira transcateter sem risco de mismatch. Descrita em 2021, a técnica de ampliação com patch retangular é inovadora por conseguir ampliar significativamente o anel aórtico. Cirurgiões e cardiologistas devem estar atentos a essa estratégia a fim de proporcionar o melhor tratamento aos pacientes.
Palavras Chave
Doença Valvar Cardíaca; Prótese Valvar; Cirurgia; Estenose Aórtica
Área
Cirurgia Cardíaca
Instituições
Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil, Hospital Metropolitano Sul Dom Hélder Câmara - Pernambuco - Brasil
Autores
Jessyrayanne Mayalle de Oliveira Barbosa, Giovanna Lucian Perazzo Correia de Araújo, Danielle Mariane Gondim Malta, Rodrigo Mezzalira Tchaick, Luiz Rafael Pereira Cavalcanti