32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

HIPERTENSÃO RENOVASCULAR SECUNDÁRIA À DISPLASIA FIBROMUSCULAR DAS ARTÉRIAS RENAIS - RELATO DE CASO

Introdução

A hipertensão renovascular (HRV) ocorre devido ao estreitamento das artérias renais, ativando o sistema renina-angiotensina-aldosterona e causando hipertensão. A displasia fibromuscular (DFM), uma doença vascular não aterosclerótica que afeta principalmente mulheres jovens, é uma causa importante de HRV. Este relato descreve um caso de hipertensão renovascular secundária à DFM, destacando desafios no diagnóstico e tratamento.

Descrição do caso

Paciente feminina de 20 anos, cor parda, sem comorbidades prévias, procurou atendimento médico devido a cefaleia persistente e picos hipertensivos. O diagnóstico inicial de hipertensão arterial sistêmica foi estabelecido em agosto de 2021, e o tratamento medicamentoso incluía irbesartana, hidroclorotiazida, atenolol, anlodipino e clonidina. O ecocardiograma transtorácico realizado revelou hipertrofia ventricular esquerda, um marcador de lesão de órgão-alvo. Além disso, a paciente apresentou alteração de função renal, com creatinina variando entre 14-18 mg/dL e taxa de filtração glomerular (TFG) de 41 ml/min, indicando doença renal crônica grau 3b.

A ultrassonografia Doppler das artérias renais evidenciou rins de tamanhos normais, mas com sinais de estenose nas artérias renais, com repercussão hemodinâmica bilateralmente. A paciente foi referenciada ao ambulatório de angiologia e cirurgia vascular do Hospital da Restauração para prosseguimento da investigação e manejo da hipertensão renovascular. Durante o internamento, houve piora da função renal, com creatinina atingindo 29 mg/dL. A angio-ressonância magnética confirmou estenoses severas nas artérias renais, compatíveis com displasia fibromuscular.

Foi realizada angioplastia da artéria renal esquerda, com melhora significativa da função renal (de creatinina 29 mg/dL para 12 mg/dL) e controle da pressão arterial. Seis meses depois, a paciente foi submetida à angioplastia da artéria renal direita. A função renal permaneceu estável, e houve redução no uso de anti-hipertensivos, mantendo controle adequado da pressão arterial.

Discussão/Conclusão

A paciente apresentou hipertensão renovascular secundária à displasia fibromuscular, uma condição rara, mas importante a ser considerada em mulheres jovens com hipertensão resistente ao tratamento e sem outras causas aparentes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, incluindo angioplastia transluminal percutânea (ATP), são essenciais para prevenir complicações como hipertrofia ventricular esquerda e progressão para doença renal crônica, ambas associadas ao aumento do risco cardiovascular. A ATP demonstrou eficácia na melhora da função renal e no controle da pressão arterial, reforçando a importância de uma abordagem multidisciplinar no manejo. No caso descrito, a paciente obteve um desfecho favorável, com redução progressiva dos anti-hipertensivos e estabilização da função renal, mostrando que a intervenção precoce e o acompanhamento regular podem melhorar a qualidade de vida e reduzir complicações a longo prazo.

Palavras Chave

Hipertensão Renovascular; Displasia Fibromuscular; Artéria Renal; Hipertensão; Doença renal crônica

Área

Cardiologia Intervencionista

Instituições

Faculdade Pernambucana de Saúde - FPS - Pernambuco - Brasil, Hospital Agamenon Magalhães - HAM - Pernambuco - Brasil, Hospital da Restauração - Pernambuco - Brasil

Autores

José Gabriel Linhares Vieira, Evandro Cabral de Brito, Alberto Rubin Figueiredo