32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES COM ENDOCARDITE INFECCIOSA EM HOSPITAL TERCIÁRIO CARDIOLÓGICO BRASILEIRO

Introdução

A endocardite infecciosa (EI) é uma doença multissistêmica grave e progressiva. O diagnóstico precoce ainda é um desafio devido às inúmeras possibilidades de apresentação clínica, tempo de evolução, órgãos acometidos, complicações e patógeno envolvido. Além disso, características biológicas e socioeconômicas e as comorbidades prévias também influenciam a gravidade da doença. A despeito das crescentes melhorias em diagnóstico e tratamento, a ocorrência de complicações graves permanece elevada. No Brasil, especialmente, temos poucos dados epidemiológicos recentes publicados sobre EI. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi fazer um levantamento das características clínico-epidemiológicas de uma população de pacientes com EI nos últimos 5 anos em um hospital terciário de referência em cardiologia em Recife, Pernambuco, Brasil.

Métodos

Estudo observacional, retrospectivo e transversal, realizado em hospital cardiológico de Pernambuco, referente ao período de 1 de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2021. Foram 149 pacientes e o critério de inclusão foi EI definitiva ou possível de acordo com os Critérios de Duke Modificados. As variáveis numéricas foram representadas pelas medidas de tendência central e de dispersão.

Resultados

A média de idade foi de 43,6 (± 16,5) anos. Apenas 53,7% (n=80) das hemoculturas foram positivas e os agentes mais encontrados foram Staphylococcus aureus (25% / n=20), Streptococcus viridans (10% / n=8) e Cândida spp. (20% / n=16). Houve predomínio de infecção de valva nativa (57,7% / n=86) e 84 pacientes (56,3%) foram submetidos a intervenção valvar. As principais complicações foram: choque cardiogênico (59% / n=89), choque séptico (54,4% / n=81) e embolia sistêmica (50,3% / n=75). A mortalidade intra-hospitalar foi de 44,3% (n=66).

Discussão/Conclusão

Em nosso estudo, tivemos um perfil de pacientes semelhantes a estudos anteriores em países emergentes, predominando casos em pacientes com doença reumática, jovens e do sexo masculino. Contudo, apesar da maior parte ser de etiologia comunitária, percebemos um alto número de infecções por agentes tipicamente nosocomiais, como Staphylococcus aureus, Estafilococos coagulase negativos, Cândida spp., Enterococcus spp. e Streptococcus viridans, talvez relacionado com a alta rotatividade prévia em outros serviços de saúde até chegar ao nosso centro terciário. Apesar dos avanços em tratamento e cirurgia cardíaca, ainda obtivemos incidência de choque séptico de 59,7% e mortalidade intra-hospitalar de 44,3%. Esse dado nos alerta quanto à necessidade de melhorias no sistema de saúde e, nessa perspectiva, alguns obstáculos ainda são desafiadores para serem contornados, como: a alta prevalência de doença reumática e outras comorbidades graves; a demora para a correta suspeição clínica em locais de atenção primária e regulação tardia dos pacientes a serviços de referência; baixa taxa de positivação de culturas e o acesso ainda reduzido a novas tecnologia e cirurgia cardíaca.

Palavras Chave

Endocardite; Doenças das Valvas Cardíacas; Epidemiologia clínica; Infectologia

Área

Valvopatias

Instituições

PROCAPE - Pernambuco - Brasil

Autores

Raquel Cristina Farias Medeiros Queiroz, Diana Patricia Lamprea Sepulveda , Luis Eduardo Nogueira Nóbrega Alves