32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA GRAVE EM PACIENTE COM ESCLEROSE SISTÊMICA E ARTRITE REUMATOIDE: UM RELATO DE CASO

Introdução

A esclerose sistêmica (ES) e a artrite reumatoide (AR) são doenças do tecido conjuntivo caracterizadas por resposta imune excessiva, consequência da interação entre fatores genéticos predisponentes, desregulação do sistema imunológico e fatores ambientais. Como doenças autoimunes que são, podem apresentar-se de forma sobreposta, combinando sinais e sintomas que podem agravar morbimortalidade. O acometimento cardiovascular decorrente dessa sobreposição pode levar a insuficiência cardíaca, dano valvular e arritmias. O presente estudo tem por objetivo descrever caso de paciente portadora de ES em sobreposição com AR diagnosticada insuficiência aórtica grave.

Descrição do caso

A.C.S.S., sexo feminino, 34 anos, portadora de esclerose sistêmica e sobreposição com artrite reumatoide há 6 anos e abandono de tratamento há 6 meses, foi admitida em enfermaria de clínica médica com quadro de taquipneia e edema de membros inferiores há 3 dias da admissão. Ao exame físico, paciente emagrecida, com microstomia, pele espessada, contraturas e deformidades de membros superiores e inferiores. Sinais vitais evidenciaram frequência cardíaca de 125 BPM, frequência respiratória de 22 IRPM e PAM de 68 MMHG. Radiografia de tórax com derrame pleural bilateral; ecografia transtorácica e transesofágica evidenciaram fração de ejeção 29%, aumento biatrial, hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo (VE), VE de dimensões aumentadas, hipocontratilidade miocárdica difusa do VE, função sistólica do ventrículo direito reduzida, insuficiência aórtica grave, insuficiência mitral e tricúspide de grau moderado e achados compatíveis com valvulite. Exames laboratoriais evidenciaram FAN> 1/1280; fator reumatoide reagente; demais estudos para autoimunidade negativos. Diante disso, iniciado tratamento com enalapril, espironolactona, metoprolol, furosemida e reposição de ferro. Paciente recebeu avaliação conjunta da cardiologia, cirurgia cardiovascular e reumatologia, sendo definido tratamento com prednisona e pulsoterapia com ciclofosfamida após compensação cardiológica e ausência de infecção. Paciente recebeu alta em compensação clínica para troca valvar aórtica.

Discussão/Conclusão

Doenças reumatológicas podem cursar com síndromes de sobreposição ocorrendo combinações de sintomas autoimunes, sendo uma delas a sobreposição entre ES e AR. Em um estudo de coorte realizado no Brasil com 61 pacientes, a prevalência de sobreposição entre ES e AR foi de 6,6%, enquanto outros estudos internacionais evidenciaram entre 4,3 a 5,2%. A associação do aumento do risco CV com doenças inflamatórias crônicas já é bem estabelecida, resultando em desenvolvimento de aterosclerose prematura, doença cardíaca isquêmica, danos valvares e insuficiência cardíaca. Diante do exposto, é importante que ao diagnóstico de doenças do tecido conjuntivo seja estudado o risco cardiovascular frente ao acometimento cardíaco causados por estas doenças, visando melhor controle de sintomas e qualidade de vida para o paciente.

Palavras Chave

Insuficiência Aórtica Aguda; Insuficiência Cardíaca; cardiopatia reumática

Área

Valvopatias

Autores

JULLIE DE QUEIROGA SANTANA, ANA CLARA SILVA DE ANDRADE, RODRIGO DE LEMOS SOARES PATRIOTA, LUIZA PRESTES GUIMARÃES, JOÃO PEDRO FERNANDES FERREIRA DE SOUZA