32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Ablação por radiofrequência de Taquicardia Ventricular de via de saída do ventrículo direito idiopática após Tempestade elétrica. Quando indicar CDI após?

Introdução

INTRODUÇÃO: No cenário da Taquicardia Ventricular Monomórfica sintomática de via de saída do ventrículo direito (VSVD) idiopática, a ablação por radiofrequência é um tratamento seguro e estabelecido, porém permanece discutível a indicação de implante de Cardioversor- desfibrilador Implantável (CDI) em casos específicos após o procedimento. Apresentamos, a seguir, uma Ablação de Taquicardia Ventricular (TV) de via de saída do ventrículo direito idiopática após tempestade elétrica.

Descrição do caso

MVGM, 51 anos, feminino, com histórico de palpitações sem sintomas de alerta, realizou Holter 24h em Abril de 2023 que demonstrou extrassistoles ventriculares frequentes (densidade média de 1.149/h - 34%). Foi iniciado uso de bisoprolol 10mg/dia com resolução dos sintomas. Realizou Ecocardiograma que não evidenciou cardiopatia estrutural e prosseguia em investigação etiológica para a alta incidência de arritmia ventricular. Em Julho de 2023, deu entrada no serviço de emergência com TV Monomórfica Sustentada com instabilidade hemodinâmica. Foi realizada cardioversão elétrica sincronizada e iniciada amiodarona em dose de impregnação. Evoluiu com critérios para Tempestade Elétrica, com 4 episódios de TV Monomorfica, sendo 3 deles associados a instabilidade hemodinâmica , tratadas com cardioversão elétrica e 1 episódio com resolução espontânea. Realizou novo ecocardiograma com FEVE pelo Simpson de 49%, com hipocinesia difusa da contratilidade e aventada a possibilidade de Taquicardiomiopatia. Cineangiografia sem sinais de ateromatose significativa. Após estabilização do quadro por 72 horas, a paciente foi transferida para realização de estudo eletrofisiológico (EEF). No EEF, foi realizado mapa anatômico do ventrículo direito e mapa de ativação de extrassistole com precocidade de 30 ms em região septal de VSVD.Ressonância Magnética Cardíaca evidenciou FEVE de 53%, ausência de cardiopatia estrutural e sem fibrose miocárdica. Como se tratava de TV de VSVD idiopática, optou - se por ablação por radiofrequência. O procedimento foi realizado sem intercorrências. Posteriormente, foi realizado EEF com protocolo de indução de TV sob isoproterenol, sem indução de arritmias ventriculares.A paciente recebeu alta 72 horas após, sem queixas cardiovasculares. Após discussão do Heart Team não foi indicado implante de CDI após ablação. Paciente permanece em seguimento clínico de 12 meses. Foram seriados Holter de 24 horas após 30, 60 dias e após 6 e 12 meses do procedimento e não houve evidência de atividade ectópica ventricular.

Discussão/Conclusão

A Ablação por radiofrequência apresentou-se como uma ferramenta eficaz e segura para os pacientes com TV de VSVD idiopática refratária ao tratamento clínico. Não há evidências que sustentem a indicação de CDI para o tratamento da taquicardia ventricular idiopática de VSVD. Na maioria desses casos, há automatismo exacerbado em focos específicos da musculatura que respondem ao tratamento com ablação por radiofrequência.

Palavras Chave

Taquicardia Ventricular Idiopática; Ablação por radiofrequência; Cardioversor Imaplantável

Área

Arritmias e Estimulação Cardíaca

Instituições

Univasf - Pernambuco - Brasil

Autores

POLYANA EVANGELISTA LIMA, ANA CLARA DE CASTRO SILVA