32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Análise Epidemiológica da Doença de Chagas Aguda no Nordeste do Brasil (2012-2022)

Introdução

A Doença de Chagas consiste em uma antropozoonose causada pelo Trypanosoma cruzi (T. cruzi), protozoário flagelado com o potencial de desencadear a doença em suas formas aguda e crônica. A transmissão da doença, vinculada ao vetor (triatomíneos hematófagos), ao agente etiológico e aos reservatórios, está fortemente associada a uma série de fatores socioeconômicos e culturais. No contexto nacional, a região Nordeste do Brasil, considerada endêmica para a doença, ocupa a segunda posição em relação à prevalência do número total de casos, atrás apenas da região Norte¹. A forma cardíaca da doença de Chagas é a de maior relevância clínica, pois o comprometimento cardíaco pode levar a arritmias, fenômenos tromboembólicos, insuficiência cardíaca e morte súbita. As lesões cardíacas decorrem de alterações patológicas, como inflamação, necrose e fibrose, provocadas pelo T. cruzi no tecido de condução, no miocárdio contrátil e no sistema nervoso intramural, comprometendo a integridade funcional do coração e elevando o risco de complicações graves.

Métodos

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de coorte realizado por meio do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), plataforma do Ministério da Saúde que reúne informações sobre as doenças e agravos da lista nacional de doenças de notificação compulsória. A partir dos dados obtidos sobre a Doença de Chagas Aguda na região Nordeste do Brasil, foi realizada uma análise sobre o perfil dos pacientes diagnosticados entre os anos de 2012 e 2022, incluindo faixa etária, gênero e cor/raça. Além disso, buscou-se avaliar a evolução do número de casos e da forma de transmissão dessa doença ao longo dos anos. E os resultados são ajustados e refletem as frações da prevalência das variáveis do estudo.

Resultados

No recorte temporal ocorreram 109 casos confirmados de doença de chagas. Destaca-se que o estado do Maranhão possui o maior número de casos com 44 (40,36%). No que tange ao modo de contaminação, 73 (66,97%) foram por via oral, contra 16 (14,67%) por via vetorial. Quanto à faixa etária, predominam dos 20 a 39 anos (43; 39,44%), seguido por aqueles entre 40 e 59 anos (25; 22,93%). Em relação ao gênero, houve predominância do sexo feminino com 58 casos (53,21%). Na variável cor/raça, verifica-se que a população parda foi mais impactada com 55 casos (50,45%).

Discussão/Conclusão

O estudo evidenciou que a Doença de Chagas Aguda na região Nordeste do Brasil, entre 2012 e 2022, apresenta uma prevalência significativa, com destaque para o Maranhão e a transmissão oral. A predominância de casos na faixa etária de 20 a 39 anos, especialmente entre mulheres e pessoas pardas, sugere uma vulnerabilidade específica desses grupos. A alta taxa de transmissão por via oral ressalta a importância de melhorar as práticas de higiene e a educação em saúde para prevenir a infecção. Esses dados indicam a necessidade de estratégias mais eficazes de controle e prevenção, ajustadas às características locais e aos grupos mais afetados.

Palavras Chave

Doença de Chagas aguda; morbidade; Epidemiologia; Nordeste

Área

Medicina

Instituições

Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Henrique Saeger Victalino Lucena Carlos, Felipe Alves Araújo Marques, Eduarda Silva Duarte, Sophia Araújo Bourbon, Ellen Larissa Silva Guedes