Dados do Trabalho
Título
Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção reduzida em um paciente com Síndrome Pós-Covid
Introdução
A Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção reduzida (ICFEr) é uma condição clínica caracterizada pelo remodelamento cardíaco e disfunção miocárdica. Na atualidade, o Covid-19 recebeu notoriedade como fator desencadeante importante dessa síndrome clínica, sobretudo pelo grau de acometimento cardíaco, fenômenos inflamatórios sistêmicos e desenvolvimento de miocardiopatia dilatada. Logo, diante da possibilidade de dano cardiovascular após quadro agudo de Covid-19, é premente o seguimento periódico destes pacientes e vigiar presença da Síndrome pós-covid (SPC).
Descrição do caso
C.G.V.F, sexo masculino, 56 anos, sem comorbidades prévias, buscou atendimento dia 09/08/23 com queixas de tosse seca e dispneia aos médios esforços, a qual piorou nos últimos meses, associado à dispneia paroxística noturna e edema de MMII. Relata que o quadro iniciou após intensa síndrome gripal. Na ocasião, foi realizado ecocardiograma em consultório que evidenciou fração de ejeção (FE) de 20%, revelando ICFEr em curso de uma SPC, por antecedente de reinfecções de Covid-19. De história pregressa, relata primo-infecção por Covid-19 em 2021, sendo hospitalizado por acometimento pulmonar de 50%, sem demais queixas. Evoluiu com sequelas de dispneia e fadiga que dificultavam atividade física habitual realizada (corrida). Em 2022, apresentou reinfecção assintomática, porém com piora da dispneia e esquecimentos.
Nesse contexto, foi iniciado Sacubitril/Valsartana 200mg, Furosemida 40mg, Espironolactona 25mg, Metoprolol 25mg e Dapaglifozina 10mg, com medidas de suporte. Em retorno após 20 dias, paciente apresentava melhora clínica importante e evolução da FE para 48%. Realizando acompanhamento quinzenal, paciente apresenta em dezembro melhora de estado geral e da capacidade física, perda de peso de 6 Kg, com avaliação ergométrica revelando boa tolerância ao esforço com resultado de 10,85 METS, sem sintomas.
Discussão/Conclusão
No cenário pós-pandêmico da Covid-19, a SPC é uma condição persistente presente em cerca de 35% dos pacientes infectados. De fato, o curso da SPC tem relação com fatores pré-mórbidos e a gravidade da doença, podendo apresentar manifestações graves incluindo sequela de dano miocárdico com redução da função sistólica, configurando ICFEr em até 2% dos casos.
No caso relatado, o paciente estava assintomático por um ano da segunda infecção pelo Covid-19 e cursou com piora sintomática incapacitante. Chama-se atenção o risco da reinfecção por SARSCov-2, pela atenuação à SPC e caráter flutuante da manifestação, podendo se apresentar mais insidiosa e fatal. Dito isto, ressalta-se a importância da cardiovigilância no contexto da SPC a fim de identificar e manejar situações de alto risco, sobretudo, a ICFEr.
Palavras Chave
Insuficiência Cardíaca; Covid-19; Sacubitril/Valsartan; Infecções Virais;
Área
Insuficiência Cardíaca
Autores
Patrícia Ribeiro Brito, Antônio Diego Campos Falcão, Pedro Guilherme Fernandes Lima, Marcos Vinícius Fausto Ferreira