Dados do Trabalho
Título
Correlação e análise quantitativa de internações e taxa de mortalidade por Cardiopatia Reumática e Febre Reumática Aguda em Pernambuco no período de 2013 a 2023
Introdução
A Cardiopatia Reumática (CR) é uma sequela grave e de longo prazo em crianças e adultos da Febre Reumática Aguda (FRA), resultando em uma grande porcentagem de pacientes com insuficiência cardíaca. A CR é fruto de diversos determinantes de má saúde, como a falta de saneamento básico e o tratamento inadequado da faringite estreptocócica do grupo A e, sequencialmente, da febre reumática aguda. Dessa forma, é pertinente avaliar e correlacionar o número de internações e a taxa de mortalidade da CR e da FRA entre os anos de 2013 e 2023 em Pernambuco, percebendo a menor morbimortalidade da doença inicial e a vantagem de uma prevenção e um tratamento primário de qualidade.
Métodos
Trata-se de um estudo ecológico de série temporal com dados secundários utilizando informações do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), contidas no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletados dados referentes ao número total de internações e à taxa de mortalidade dos pacientes com CR e FRA isoladamente entre os anos de 2013 e 2023, analisando-se a mudança de padrão ao longo dos anos no estado de Pernambuco. A correspondência entre as variáveis foi feita por meio do coeficiente de correlação de Pearson, cuja significância foi verificada através do teste t de Student pelo sistema de software livre PSPP, sendo o nível de significância estabelecido de valor igual a 5%.
Resultados
De 2013 a 2023, decorreram da cardiopatia reumática um total de 5.273 internações em Pernambuco (6,36% das internações brasileiras), enquanto a taxa de mortalidade foi de 5,59% (31% menor que no Brasil). No entanto, é válido destacar que a morbimortalidade da febre reumática aguda no mesmo período é significativamente inferior, sendo a taxa de mortalidade igual a 3,44%, e o total de internamentos igual a 4.042. Durante esse período, devido à irregularidade dos valores anuais, houve uma tendência estacionária na taxa de mortalidade da CR (r= -0,656; p= 0,29) e no quadro quantitativo dos internamentos (r= 0,190; p= 0,577). Por outro lado, tratando-se de Febre Reumática Aguda, verifica-se uma tendência decrescente no padrão de internamentos (r= -0,851; p= 0,001), mas uma tendência estacionária na taxa de mortalidade (r= 0,698; p=0,017).
Discussão/Conclusão
É necessária a realização de mais estudos a fim de elucidar a irregularidade dos valores anuais de internamentos e das taxas de mortalidade por CR e FRA, sugerindo inconstância nas políticas públicas de prevenção e tratamento dessas enfermidades. Além disso, é fundamental entender o motivo da taxa de mortalidade não acompanhar o decréscimo significativo dos internamentos por febre reumática aguda. Dessa forma, é essencial aprimorar o manejo dessas doenças com a implementação de medidas de prevenção e cuidados adequados, visando um melhor controle da doença inicial que, estatisticamente, reflete menor morbimortalidade.
Palavras Chave
cardiopatia reumática; febre reumática; Internações; Taxa de mortalidade
Área
Cardiologia clínica
Instituições
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - Pernambuco - Brasil
Autores
Maria Eduarda Lopes Negreiros, Gabriel Carneiro Alves, Maria Eduarda Barroso Pereira, Catharina Maynard de Arruda Falcão Santos, Cícero Pereira Cunha Neto, Ivaldo Pedrosa Calado Filho