32º Congresso Pernambucano de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Desafios na investigação da hipertensão secundária - hiperaldosteronismo primário: um relato de caso

Introdução

O hiperaldosteronismo primário (HAP) é uma das causas mais frequentes de hipertensão secundária, responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de hipertensão. É uma condição em que há uma secreção relativamente autônoma e excessiva de aldosterona, podendo ser resultante de condições como adenoma produtor de aldosterona. Ademais, seu mecanismo também promove retenção de sódio e água, suprimindo a produção da renina, gerando hipertensão arterial e hipocalemia.

Descrição do caso

Paciente F.G.M, masculino, 39 anos, 112kg (IMC 30.4 kg/m2), procura atendimento com relato de picos pressóricos e dor torácica atípica. Possui diagnóstico de hipertensão há 12 anos, com uso irregular de anti-hipertensivos, no momento, em uso de enalapril e indapamida. Trata-se de um indivíduo atleta e praticante de atividade física regular, realizando musculação 6x na semana. Ao exame físico foi flagrada uma pressão arterial (PA) de 150x95 mmhg, sem mais alterações. Sendo então solicitado um ecodopplercardiograma transtorácico (ECOTT), angiotomografia de coronárias e exames laboratoriais para investigação de hipertensão secundária. Na consulta de retorno, foram evidenciadas as seguintes alterações laboratoriais: relação aldosterona/renina plasmática (RAR): 78, aldosterona: 1; atividade de renina: 0,014 e K: 4,3. No ECOTT havia hipertrofia ventricular esquerda concêntrica. Neste contexto, foi iniciado espironolactona e anlodipino e seguimento para investigação de hiperaldosteronismo com solicitação da tomografia de abdome com protocolo adrenal e ressonância magnética (RNM) de abdome superior e pelve, porém ambos sem alterações. Também foi solicitado nova coleta laboratorial que confirmou o resultado anterior, após orientação de repouso do paciente por 1 hora no laboratório, mantendo uma RAR de 55. Realizado cateterismo de veia suprarrenal, demonstrando produção elevada de aldosterona e cortisol na amostra sanguínea coletada da veia adrenal esquerda, muito superior as dosagens em veia cava inferior suprarrenal e veia adrenal direita: veia adrenal direita: cortisol 6,5 e aldosterona 13,4; veia cava inferior suprarrenal: cortisol 8,7 e aldosterona 18,8; veia adrenal esquerda: cortisol superior a 75 e aldosterona 410,40. O paciente foi diagnosticado com adenoma produtor de aldosterona em adrenal esquerda, sendo realizada uma adrenalectomia à esquerda por vídeo, e após o procedimento evolui com controle adequado da PA.

Discussão/Conclusão

O caso descrito evidencia a necessidade de uma investigação etiológica da hipertensão, especialmente em pacientes jovens com dificuldade de controle pressórico. Embora o paciente não apresentasse hipocalemia, optou-se pela investigação de HAP devido aos achados sugestivos, sendo comum normalidade na tomografia e RNM. Nesse contexto, destaca-se que seu diagnóstico é desafiador e exige uma série de cuidados na coleta dos exames, incluindo a necessidade de um procedimento invasivo, como a coleta de sangue venoso adrenal, fundamental para a confirmação diagnóstica e orientação terapêutica.

Palavras Chave

CARDIOLOGIA; Hipertensão arterial sistêmica; Hiperaldosteronismo; Diagnóstico Diferencial; Tratamento

Área

Hipertensão Arterial Sistêmica, MAPA e MRPA

Instituições

REALCOR - Pernambuco - Brasil

Autores

Lívia Leandro Pereira, Rafael Carvalho Vouzela, Robson Silva Lucena, Weslley Jonathan Penha, Kaio Felipe Vicente