Dados do Trabalho
Título
Semaglutida como estratégia de perda ponderal no planejamento gestacional de paciente portadora de cardiopatia reumática e mismatch de prótese mitral - RELATO DE CASO
Introdução
A cardiopatia reumática tem um padrão endêmico no Brasil, e por atingir pacientes mais jovens em idade fértil, tem impacto no risco de complicações durante a gestação. Nesse contexto, este relato de caso clínico que tem por objetivo demonstrar como o controle de peso, em paciente com manejo clínico adequado, pode ter um impacto positivo na gestação.
Descrição do caso
Mulher, 36 anos, com histórico de Hipotireoidismo, Síndrome dos Ovários Policísticos e cirurgia de troca valvar mitral e aórtica biológicas em 2014, aos 26 anos, devido a cardiopatia reumática. Em 2020 apresentou piora clínica, realizado ecocardiograma transesofágico que mostrou bioprótese mitral disfuncionante por insuficiência importante. Submetida, em maio do mesmo ano, a cirurgia de retroca da biopróteses mitral (n 29) e aórtica (n 23) com amputação da Auriculeta Atrial Esquerda, com ecocardiograma após o procedimento mostrando parâmetros de mismatch prótese-paciente: mitral: Área protética efetiva: equação de continuidade = 1,8cm² (indexado = 1,1cm²/m²); aórtica: Área protética efetiva: equação de continuidade = 1,5cm² (indexado = 0,93cm²/m²).
Durante a Pandemia de COVID 19, apresentou ganho ponderal de 13 kg (P= 77 Kg), associado a dispneia aos esforços maiores que os habituais, com piora nos parâmetros ecocardiográficos da valva mitral: área protética efetiva: equação de continuidade = 2,1cm² (indexado = 1,1cm²/m²). Gradiente AE/VE médio = 3,0 mmHg Presença de refluxo transprotético importante. A mesma manifestou desejo de engravidar no ano seguinte, sendo orientado mudança de hábitos de vida e perda ponderal para redução de risco durante a gestação. Após seis meses havia estacionado a perda em 5 kg, indicado tratamento medicamentoso por 2 meses com Semaglutida oral, objetivando redução de 10 kg.
Em agosto de 2023, apresentou teste de gravidez positivo. Na ocasião pesava 67kg, seguia em classe funcional 1, com redução do mismatch prótese-paciente: Área protética mitral efetiva: equação de continuidade 1,5cm² (indexado = 0,88cm²/m²) e Área protética aórtica efetiva: equação de continuidade = 1,1cm² (indexado = 0,65cm²/m²). Durante toda gestação, apresentou ganho total de 14kg, sem eventos cardiológicos significativos. Em março de 2024 (34 semanas e 6 dias) apresentou piora dos sintomas, evoluindo para classe funcional 2, indicado parto cesário em 11 de março de 2024.
Discussão/Conclusão
Aproximadamente 1 a 4% das gestações nos países ocidentais industrializados complicam‐se com comorbidades cardiovasculares. Segundo o registro brasileiro do Instituto do Coração (InCor), a cardiopatia mais frequente em gestantes é a reumática, presente em 55% dos casos(2). Além disso, é cada vez maior a prevalência de fatores de risco cardiovascular em mulheres na idade fértil. O controle de fatores modificáveis, a exemplo da obesidade, associado ao manejo clínico adequado da patologia de base, tem se mostrado de grande contribuição na redução das complicações durante a gestação.
Palavras Chave
Insuficiência Cardíaca; cardiopatia reumática; perda ponderal; gestação de alto risco
Área
Cardiologia clínica
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO - Pernambuco - Brasil
Autores
ANA JÚLIA DOS SANTOS QUEIROZ, TIBERIO JOSE LOPES ALENCAR, SÉRGIO RICARDO VIEIRA MACEDO, ANDERSON DA COSTA ARMSTRONG