Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

REMISSÃO OU RECUPERAÇÃO MIOCÁRDICA? - MODELO DE PREDIÇÃO DO REMODELAMENTO REVERSO MANTIDO

Introdução e/ou Fundamento

O tratamento para a ICFER, além da melhora em sobrevida e sintomas, tem gerado um novo fenótipo com a melhora da FE, chamado de remodelamento reverso (RR). Apesar do RR estar associado com melhor prognóstico, esses pacientes ainda podem apresentar nova piora da FE e desfechos negativos, sendo então proposto na literatura o termo de remissão miocárdica para àqueles sob o risco de nova piora e recuperação para àqueles que sustentam a melhora. Porém ainda sabe-se pouco sobre esse processo e quais pacientes tem maiores chances de manter a recuperação.

Objetivo

Avaliar a sobrevida geral entre pacientes que mantiveram o RR, àqueles que não mantiveram e àqueles que não apresentaram o RR, Avaliar e comparar os preditores do RR com os preditores do RR Sustentado Propor um modelo de avaliação do RR Sustentado.

Materiais e Métodos

Estudo observacional, retrospectivo, que avaliou o prontuário eletrônico de pacientes com FE inicial reduzida (< 40%), acompanhados com a repetição de, pelo menos, 2 ecocardiogramas (Eco) tendo diferença mínima de 6 meses entre os exames. Divididos de acordo com a trajetória da FE em remodelamento reverso mantido (RRM) se 2ª e 3ª FE ≥40%, remodelamento reverso não mantido (RRNM) se 2ª FE≥40% e 3ª FE<40%, e remodelamento reverso negativo (RRN) se todas FE <40%. Foram analisadas as características ecocardiográficas, clínicas e laboratoriais de cada grupo, na busca de fatores que possam predizer a trajetória da FE, através de análises uni e multivariada.  Além da sobrevida dos grupos através da curva de Kaplan-Meier.

Resultados

Entre 2006 e 2019 foram selecionados 8072 pacientes com pelo menos 2 Eco e 3628 com 3 Eco. Destes pacientes, 1.342 (37%) apresentaram o RR nos critérios adotados e entre estes, 310 (23%) não mantiveram o RR e 1032 (77%) o mantiveram (Figura 1A). Após o 2ºEco a sobrevida média foi de 10,6 (±0,2) anos, maior no grupo RRM (12,2 ±0,3), seguida do RRNM (10,6 ±0,5) e RRN (9,8 ±0,2); p<0,001 (Figura 1B). Os preditores para o RRM foram 2ª FE (OR: 1,06 IC95: 1,03-1,1; p<0,001), 2º diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (DSVE - OR:0,93 IC95%: 0,90-0,96; p<0,001), medida do 2º Septo (OR: 1,1 IC 95%: 1,03-1,23; p=0,012), Pressão Arterial Sistólica (OR: 1.01 IC95%: 1.00-1.02; p=0,014), Classe Funcional I-II (OR: 1,86 IC95%:1,27-2,74; p<0,001) e Não uso de Furosemida (OR:1,87 IC95%:1,27-2,74; p<0,001) (Figura 1C). O modelo de predição para o RRM apresentou uma boa acurácia, com AUC de 0,75 (Figura 1D). 

Conclusões

O RRM está associado com maior sobrevida a longo prazo nos pacientes com ICFER. Preditores para o RRM incluem 2ªFE, 2ºDSVE, 2ºSepto, PAS, Classe Funcional I-II e Não uso de furosemida. O modelo proposto possui boa acurácia (AUC:0,75), podendo auxiliar na avaliação prognóstica destes pacientes e no entendimento dos mecanismos de remissão e recuperação miocárdica.  

Área

Pesquisa Clínica

Autores

SILAS RAMOS FURQUIM, Maria Tereza Sampaio Lira, Daniel Catto De Marchi, Pamela Camera Maciel, Mauro Rogerio De Barros Wanderley Jr., Bruno Biselli, Paulo Roberto Chizzola, Robinson Tadeu Munhoz, Fábio Fernandes, Silvia Moreira Ayub-Ferreira, Edimar Alcides Bocchi