Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Caracterização clínico epidemiológica de pessoas afetadas pela doença de Chagas crônica (DCC) acompanhadas em serviço de referência do estado de Pernambuco

Introdução e/ou Fundamento

: A doença de Chagas (DC) é considerada uma condição crônica negligenciada (OMS), com grande impacto biopsicossocial, podendo evoluir com elevada carga de morbimortalidade, principalmente na forma cardíaca grave.

Objetivo

Descrever a caracterização clínico epidemiológica de pessoas afetadas pela DCC acompanhadas em serviço de referência, do estado de Pernambuco.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo transversal, envolvendo 976 pessoas afetadas pela DCC, acompanhadas em serviço de referência, (Fev/2016 à Dez/2022). Foram avaliadas variáveis socioeconômicas, epidemiológicas e clínicas. Foi utilizada para classificação clínica de acordo com “Diretriz SBC/2011: Diagnóstico e Tratamento da Cardiomiopatia da DC” (estágios A, B1, B2, C e D). A caracterização epidemiológica teve como base, o banco de dados, do serviço de referência. Utilizado software Excel 365 e SPSS versão 21.0. 

Resultados

A coorte estudada apresentou idade média de 62 (± 12 anos), com predominância do sexo feminino (67%); natural da Zona da Mata (38,5%), seguida do Agreste (23,5%) e procedência da Região Metropolitana do Recife (45%); raça-cor parda (56%); estado civil casado (53,5%), baixa escolaridade, com menos de quatro anos de estudo (70%), renda de até 1 salário mínimo (76%), com 12% sem nenhuma renda mensal declarada; 43% relatam DC na família; 66,5% já moraram em zona rural, e 90%, em casa de taipa; 75,5% informaram a presença do vetor na moradia, e 7,5% persistem com a presença do vetor até o momento. Quanto à classificação clínica: 21% (A), 45% (B1), 8% (B2) e 26 % (C), com os seguintes achados cardiológicos: ECG: BRD 32,5% BDASE 30%, Implante de Marcapasso (MP) 16%, ECO: FEVE média (54 % ± 15 %), no estágio C a FE média foi 39% ± 13% e 25% de MP. Houve presença de megaesôfago (13,5%), e megacólon (6,5%). Entre as comorbidades: Hipertensão Arterial Sistêmica (72%), Dislipidemia (42%), Diabetes Mellitus (17,5%), Doença Arterial Coronariana (8%), Acidente Vascular Encefálico (11 %).

Conclusões

A caracterização clínico epidemiológica dessa coorte, evidencia envelhecimento do grupo, assim como a presença de comorbidades, com maior prevalência nessa faixa etária embora mantendo situação socioeconômica extremamente desfavorável. Embora, o serviço estadual de referência esteja em um hospital terciário e de alta complexidade, as formas clínicas mais prevalentes foram A e B1, traduzindo a necessidade de descentralização dessa população para a rede de Atenção Primária e Secundária. Por outro lado, os portadores de Insuficiência cardíaca (estágio C) presentes em 26% do estudo, diante do perfil registrado, necessitam prioritariamente de atenção multiprofissional, integral e de alta complexidade.

Área

Pesquisa Multidisciplinar

Autores

CAROLINA DE ARAúJO MEDEIROS, Cristina de Fátima Velloso Carrazzone , Tayne Fernanda Lemos da Silva, Maria Elisa Lucena Sales de Melo Assunção, Tarcila Fernanda Rocha Barboza, Maria das Neves Dantas da Silveira Barros, Maria da Glória Aureliano Melo Cavalcanti, Maria Piedade Costa Reis de Albuquerque, Ana Maria Cronemberger Mendes, Sílvia Marinho Martins Alves, Wilson Oliveira Júnior