Dados do Trabalho
Título
Discalemias e mortalidade intra-hospitalar na insuficiência cardíaca descompensada
Introdução e/ou Fundamento
Distúrbios envolvendo a homeostase do potássio são frequentemente observados em pacientes internados por Insuficiência Cardíaca (IC) descompensada, e podem estar associados com pior prognostico intra-hospitalar (IH).
Objetivo
Identificar qual a medida de potássio sérico ao longo da internação está associada com mortalidade IH: potássio da admissão, maior ou menor potássio.
Materiais e Métodos
Estudo de coorte observacional, longitudinal, retrospectivo, realizado em hospital universitário quaternário. Incluídos pacientes admitidos com IC descompensada entre setembro de 2019 e setembro de 2021. coletados os dados do potássio na admissão, maior e menor potássio ao longo da internação. Hipercalemia definida como valores de potássio acima de 5,1, enquanto hipocalemia abaixo de 3,5, conforme o valor de referência do laboratório da instituição. O estado vital foi avaliado de acordo com registro de prontuário. Clearence de creatinina foi calculado através do CKD-EPI versão 2021. Dados foram analisados utilizando o programa SPSS, utilizando nível de significância estatística de 5%. A porcentagem de dados de potássio ausentes na análise foi <10%.
Resultados
303 pacientes foram admitidos por IC descompensada no período da análise. Destes, 58,4% eram homens, com média de idade de 63,7 ± 14,3 anos; 81,5% apresentavam disfunção sistólica, 31% com etiologia isquêmica e 12,4% etiologia valvar; 66% eram hipertensos, 33,8% diabéticos, 30,7% com fibrilação atrial ou flutter, e 57,9% doença renal crônica (clearence de creatinina menor que 60%). A média de potássio na admissão foi de 4,44 ± 2,41mEq/L. A incidência de hipercalemia na admissão foi de 13,9% e de 49,5% ao longo da internação, enquanto a de hipocalemia foi de 10,9% na admissão e de 30% ao longo da internação. A mortalidade IH foi de 15,2%. A análise de curva ROC mostrou que a variável que melhor se relacionou com óbito IH foi o menor potássio da internação (AUC 0,73). O valor de corte desta variável encontrado para melhor prever a chance de óbito IH foi de 3,45 (sensibilidade de 74,3% e especificidade de 67,4%). Como esse valor é semelhante ao valor de referência do laboratório de 3,5, optamos por manter este último como ponto de corte para avaliar a associação entre mortalidade e a hipocalemia na internação. Encontrou-se um OR de 5,98 – IC 95% 2,96 – 12,0, p valor < 0,001).
Conclusões
Em nosso estudo os distúrbios do potássio foram frequentes e a hipocalemia durante da internação esteve associada a uma maior chance de óbito intra-hospitalar.
Área
Pesquisa Básica
Autores
PEDRO CASTELLO BRANCO DE MORAES, Pedro Pimenta de Mello Spinetti, Bruno Reznik Wajsbrot, Marcelo Imbroinise Bittencourt, Mariana Barros Castellaneta, Ana Luiza Ferreira Sales, Felipe Neves Albuquerque, Daniel Xavier de Brito Setta, Fabio Maia Abrahao, Rodrigo Paulino Magalhães Silva, Bruna Zangerolame Carvalho, Ricardo Mourilhe-Rocha