Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Perfil Clínico de pacientes com Cardiomiopatia Hipertrófica Apical (Doença de Yamaguchi): Uma série de casos com seguimento de 15 anos

Introdução e/ou Fundamento

A Cardiomiopatia Hipertrófica Apical (CHA), ou doença de Yamaguchi, é uma rara cardiomiopatia, inicialmente descrita no Japão, na qual a hipertrofia ocorre predominantemente no ápice ventricular e em alguns casos cursa com um alto risco de morte súbita (MS). Sinais de sobrecarga ventricular esquerda (SVE) com onda T invertidas no eletrocardiograma (ECG) são comumente vistos. Algumas variantes podem cursas com aneurisma ventricular e obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo. No Japão a CHA corresponde a 25% dos casos de cardiomiopatia hipertrófica, enquanto em países ocidentais possua incidência de 1-3% dos casos. Embora geralmente seja considerada benigna, possui morbidade cardiovascular de 25 a 30%, enquanto mortalidade de 4 a 29% dos casos.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar uma série de casos de paciente com CHA e descrever os principais achados clínicos, características ecocardiográficos e eletrocardiográficos, recomendação de cardiodesfibrilador implantável (CDI) e a frequência de MS.

Materiais e Métodos

Trata-se de uma série de casos retrospectiva que foi conduzida entre os anos de 2005 e 2020, envolvendo paciente com diagnóstico ecocardiográfico de CHA. Os parâmetros do Colégio Americano de Cardiologia (ACC) e da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) foram utilizados para calcular o risco de MS.

Resultados

Foram estudados 11 indivíduos com uma mediana de idade de 55.3 anos, maioria do sexo masculino (54,5%), acompanhamento médio de 41,2 meses, sendo a maioria deles sintomáticos no momento do diagnóstico (apenas três pacientes eram assintomáticos, sendo triados por ECG de rotina). O sintoma mais frequente foi dispneia (27,3 %) e apenas um paciente (9%) iniciou o quadro com MS abortada. Histórico familiar de MS foi descrito em 45,5% dos casos. Sete dos 11 pacientes (63,6%) foram diagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica concomitante e um paciente apresentou episódios de Fibrilação Atrial. Nas variáveis ecocardiográficas, a mediana da hipertrofia ventricular máxima foi de 18.4 ± 3.2mm e a mediana da fração de ejeção de ventricular foi de 67.7 ± 4.8%. Apenas dois pacientes possuíam volume de átrio esquerdo dentro da normalidade. Um paciente apresentava a forma obstrutiva da doença, com um gradiente máximo de 113 mmHg. O holter de 24 horas demonstrou a presença de Taquicardia Ventricular Não Sustentada (TVNS) em dois pacientes. Quatro pacientes receberam CDI no período descrito e um paciente apresentou MS após recusar o implante.

Conclusões

Sintomas e alterações nos exames de imagem são fatores significativos no seguimento clínico e no prognóstico dos pacientes portadores de CHA.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

RICARDO DE ANDRADE LIMA AMORIM, Eveline Barros Calado, Manuel Markman, Lucas Soares Bezerra, Camila Maria Monteiro Silva, André Gustavo Pontes Miranda, Diego Felipe Ferrão Pereira Andrade Barros, Daiane Pereira Arruda, Clara Celly Diniz Oliveira, Brunna Gaião Carvalho Torres, Dávila Suyane Belém Lima, Tamara Sá Lopes Gonçalves, Marcelo Antônio Oliveira Santos-Veloso, Brivaldo Markman-Filho, Ândrea Virgínia Ferreira Chaves