Dados do Trabalho
Título
Mulher de 56 anos portadora de comunicação interatrial e hipertensão arterial pulmonar internada por síndrome de Eisenmenger
Introdução e/ou Fundamento
A síndrome de Eisenmenger decorre de defeitos cardíacos congênitos não tratados, como CIV, CIA, DSAV, PCA e T4F. Sem intervenção precoce, há desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar (HAP) levando a reversão do shunt esquerdo-direito, causando um shunt bidirecional ou direito-esquerdo, levando à hipoxemia e cianose.
Descrição do Caso
Paciente feminina, 56 anos, de Ipubi-PE, com dispneia progressiva há cerca de 30 anos. Ecocardiograma diagnosticou CIA ostium secundum, com recomendação de intervenção cirúrgica, porém recusada. Consequentemente, persistiu com sintomas, resultando em internações frequentes devido à piora da dispneia, bem como no desenvolvimento de cianose oral e de extremidades. Há 16 anos, apresentou hemiparesia e afasia devido a um AVE isquêmico provavelmente cardioembólico. Após o evento isquêmico cardiologista identificou HAP associada à IVD decorrente de CIA OS ampla (30mm) não tratada, que evoluiu com shunt bidirecional, configurando um quadro compatível com a síndrome de Eisenmenger. Durante investigação de HAP, cateterismo cardíaco direito foi prejudicado por obstrução da veia cava inferior. Tomografia de tórax revelou tromboembolismo pulmonar e dilatação da artéria pulmonar (47mm). Exames para trombofilias foram negativos, exceto pela redução da proteína S. Atualmente, a paciente apresenta dispneia aos pequenos esforços, cianose em repouso agravada pelo esforço e ortopneia. Exame físico revela estalido de abertura na valva pulmonar, hiperfonese e desdobramento fixo de B2, refluxo hepatojugular e edema em membros inferiores, sem hipocratismo digital. Tratamento inclui Furosemida, Sildenafil, Bosentana, Espironolactona e Rivaroxabana. Eletrocardiograma mostra ritmo sinusal regular, desvio de eixo para a direita e sobrecarga de átrio e ventrículo direitos. Ecocardiograma indica CIA OS ampla, dilatação das cavidades direitas, PSAP estimada em 110mmHg e trombos nas artérias pulmonares direita e esquerda.
Discussão e/ou Conclusão
O transplante cardiopulmonar oferece uma cura para a síndrome de Eisenmenger, mas sua viabilidade é limitada em muitos contextos. Embora a farmacoterapia alivie os sintomas, não reduz a mortalidade. Diuréticos, antiarrítmicos e anticoagulantes são opções de tratamento. O oxigênio suplementar não impacta significativamente na mortalidade. Terapias vasodilatadoras são objeto de estudo e demonstraram melhorar sintomas. A correção cirúrgica de defeitos cardíacos em adultos é desencorajada. Nos casos de HAP, o próprio defeito não corrigido pode atuar como protetor contra a piora da resistência vascular pulmonar. A expectativa de vida é reduzida, com alta mortalidade entre a terceira e quarta décadas, devido a complicações como insuficiência ventricular, hemoptise, complicações na gravidez e acidentes vasculares cerebrais.
Área
Relatos de Casos
Autores
MARCOS RAFAEL DANTAS SALGUES, BEATRIZ LIMA CORRÊA DE ARAUJO, BRUNO MARIANO RIBEIRO GARCIA DE MEDEIROS, GABRIELA BRITO BEZERRA, ICARO CÉSAR SOARES DE MENEZES, LORENNA ANDRESSA BATISTA ZACARIAS, PAULO ERNANDO FERRAZ CAVALCANTI