Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Cardiotoxicidade por quimioterápicos: uma condição frequentemente esquecida

Introdução e/ou Fundamento

Cardiotoxicidade por quimioterápicos é definida como qualquer alteração da homeostase do sistema cardiovascular induzida pelo tratamento ao câncer. A manifestação clínica é variável, podendo apresentar diversas manifestações, como: hipertensão arterial sistêmica, arritmias, pericardite,  síndromes coronarianas agudas e principalmente insuficiência cardíaca (IC) com disfunção ventricular sistólica. A incidência e a gravidade das lesões dependem do quimioterápico e da dose cumulativa administrada, assim como das comorbidades do paciente.

Descrição do Caso

Paciente, sexo feminino, 41 anos, em tratamento com quimioterápicos para câncer mama há 8 meses, apresenta dispnéia aos minímos esforços, ortopneia e hipotensão há um mês. Possui histórico de mastectomia total realizada há 4 meses. As medicações em uso atual eram Tamoxifeno, mas afirmou ter utilizado Doxorrubicina, Ciclofosfamida, Paclitaxel (antraciclinas) e Trastuzumab (terapia anti-HER). O ecocardiograma transtorácico (ECOTT) evidenciou Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFER) fração de ejeção do ventrículo esquerdo 34%, com hipocontratilidade difusa, função diastólica reduzida em grau moderado a importante, com aumento biatrial, bem como insuficiência mitral importante funcional. O ventrículo direito possui diâmetro absoluto normal, mas com função reduzida e imagem de trombo apical. Além de derrame pleural à direita e discreta efusão pericárdica, com alta probabilidade de Hipertensão Arterial Pulmonar. Após estabilização do quadro inicial, foi iniciada anticoagulação plena com Rivaroxabana e início de terapêutica para ICFER com: betabloqueador, diurético e um inibidor da ECA. Em acompanhamento conjunto com cardio-oncologia e oncologia, optado por manter esquema apenas com tamoxifeno até recuperação completa cardíaca. Em retorno ambulatorial paciente assintomática e realizou novo ECOTT com evidência de melhora (FE 46%).

Discussão e/ou Conclusão

As antraciclinas são uma classe quimioterápica muito eficaz, porém com alto potencial de dano cardíaco por causar apoptose, disfunção mitocondrial e desregulação do metabolismo do cálcio e do ferro. Sabe-se que o dano é maior com dose maior cumulativa. A terapia anti-HER diminui a progressão tumoral inibindo os receptores HER2, contudo, esses receptores são fisiologicamente expressos no miócitos realizando a cardioproteção. O trastuzumabe está relacionado com insuficiência cardíaca em até 26% dos casos pela quebra desse mecanismo de homeostase. A detecção da cardiotoxicidade e tratamento com medicamentos para IC precocemente resulta em uma recuperação funcional melhor do que os pacientes manejados tardiamente. Assim, é imprescindível a avaliação cardiovascular do paciente oncológico de forma continuada.

Área

Relatos de Casos

Autores

RICARDO DE ANDRADE LIMA AMORIM, Camila Maria Monteiro Silva, Rayana Maria Caminha Mendes Gomes, Diego Felipe Ferrão Pereira Andrade Barros, Brunna Gaião Carvalho Torres, Tamara Sá Lopes Gonçalves, Dávila Suyane Belém Lima, Daiane Pereira Arruda, André Gustavo Pontes Miranda, Clara Celly Diniz Oliveira, Ana Maria Souza Barreto, Ândrea Virgínia Ferreira Chaves