Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Fístulas coronarianas para seio venoso repercutindo com disfunção de ventrículo direito

Introdução e/ou Fundamento

A fístula de artéria coronária, comunicação rara entre artérias coronárias e câmaras cardíacas/vasos, manifesta-se de forma assintomática ou sintomática por complicações de shunt. Este relato descreve um caso único de adulto com duas fístulas (coronária direita e circunflexa) para o seio venoso, causando hiperfluxo em câmaras cardíacas direitas e disfunção de ventrículo direito.

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, 62 anos de idade, com um histórico de infecções recorrentes do trato respiratório inferior e diagnóstico de fibrilação atrial aos 45 anos. Em 2020, foi hospitalizada devido a progressiva dispnéia ao esforço e edema de membros inferiores. Durante a internação, ecocardiograma transtorácico revelou aumento significativo das cavidades direitas, insuficiência tricúspide grave e disfunção moderada do ventrículo direito, enquanto ventrículo esquerdo com função preservada (fração de ejeção de 59%) e sem alterações. Realizada angiografia coronariana, a qual demonstrou fístulas coronarianas de alto débito da artéria coronária direita e da artéria circunflexa para o seio coronário, ambas com dilatação importante (11,61 mm e 17,62 mm, respectivamente), acompanhadas de hiperfluxo pulmonar (fluxo sanguíneo pulmonar de 6,3 l/min) e aumento das pressões nas câmaras direitas do coração (pressão arterial sistólica no ventrículo direito de 36 mmHg e pressão diastólica de 18 mmHg) (figura1). Após a alta hospitalar, permaneceu com dispneia ao realizar atividades extra habituais, com subsequente necessidade de internação devido à descompensação da insuficiência cardíaca. Durante esse período, uma nova angiografia coronariana com cateterismo das câmaras direitas foi realizada, revelando um aumento no diâmetro das coronárias mencionadas anteriormente (11,61 mm para 15,86 mm na artéria coronária direita e 17,62 mm para 25,72 mm na artéria circunflexa), além de um aumento no fluxo pulmonar. Um novo ecocardiograma transtorácico mostrou uma deterioração adicional da função ventricular direita, agora com disfunção importante.  

Discussão e/ou Conclusão

As fístulas coronarianas têm prevalência estimada na população de 0,002%. A apresentação mais rara tem origem na coronária circunflexa e drenagem em câmaras cardíacas esquerdas ou seio venoso, como no caso relatado. A disfunção de ventrículo direito secundária ao hiperfluxo decorrente da fístula coronariana é uma complicação muito rara e não há descrição de prevalência na literatura. O tratamento também é controverso, podendo permanecer expectante, ou correção percutânea ou cirúrgica.  Diante da progressão observada no diâmetro das coronárias, no fluxo sanguíneo pulmonar e na disfunção ventricular direita, foi optado por indicação de tratamento cirúrgico das fístulas coronarianas da paciente relatada. Nenhum caso semelhante foi encontrado na literatura.

Área

Relatos de Casos

Autores

DANIELLE LOUVET GUAZZELLI, Aline Carbonera, Ciro Bezerra Vieira, Natália Carvalinho, Bruno Biselli, Matheus Percegoni Figueira, Silvia Moreira Ayub-Ferreira, Paulo Chizzola, Robinson Munhoz, Edimar Alcides BOCCHI