Dados do Trabalho
Título
Perfil epidemiológico dos pacientes doadores de coração no Paraná-PR
Introdução e/ou Fundamento
O Brasil tem o maior sistema público de transplante de órgãos do mundo com uma média de 340 transplantes de coração por ano. Com objetivo de reduzir as complicações pós-operatórias imediatas ou tardias que resultam em disfunção ou perda do aloenxerto (e necessidade de retransplante) ou evolução para óbito, a seleção criteriosa do paciente doador, bem como do receptor, é fundamental. Apesar disso, poucos dados são publicados sobre o perfil dos pacientes doadores de órgãos.
Objetivo
Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes doadores de coração no Paraná-PR e comparar com dados internacionais fornecidos pela Internacional Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT).
Materiais e Métodos
Estudo observacional e retrospectivo, através da análise de prontuários de pacientes doadores de coração para transplantes cardíacos realizados no Hospital Santa Casa de Curitiba no período de 2011 a 2022.
Resultados
Foram analisados 130 doadores de coração. O perfil dos pacientes apresentou homogeneidade, com média de idade de 27,3 anos, média de índice de massa corporal (IMC) de 25,1 kg/m², prevalência de sexo masculino (89,2%), brancos (78,3%) e tipagem sanguínea O (63,8%). A causa de óbito mais registrada foi trauma cranioencefálico (TCE) correspondendo a 80,8%, seguido por acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico (11%) e isquêmico (5%). A comorbidade mais comum foi uso de álcool (17,7%). Com relação à internação, 79% dos doadores estavam em uso de droga vasoativa (98% noradrenalina, 1% dopamina, 1% dobutamina) e 23% apresentaram quadro infeccioso tratado (78,1% foco pulmonar, 6,3% foco indeterminado, 3,1% cutâneo, 3,1% urinário e 3,1% sistema nervoso central). Em comparação aos dados internacionais, os doadores analisados apresentavam-se mais jovens (27,3 anos versus 35 anos), com causa mortis mais comum TCE seguido por AVE (enquanto prevalece AVE na América do Norte e TCE na Europa e outras regiões). Os doadores do nosso estudo registravam uso de álcool em 17,7%, sem outras comorbidades conhecidas, enquanto os dados internacionais registram prevalência de diabetes mellitus, tabagismo, cocaína e outras drogas.
Conclusões
O perfil epidemiológico dos pacientes doadores de coração no período analisado foi discrepante em comparação aos dados internacionais com relação a idade, causa mortis e comorbidades. Prevaleceu doadores mais jovens, com causa mortis mais comum TCE e ausência de comorbidades conhecidas.
Área
Pesquisa Clínica
Autores
ALINE CARBONERA, Marcely Gimenes Bonatto, Andressa Oliveira Coiradas