Dados do Trabalho

Título

Explorando a Utilidade em Pacientes com Insuficiência Cardíaca, com e sem Sarcopenia: resultados preliminares de um estudo longitudinal

Introdução e/ou Fundamento

A insuficiência cardíaca com fração de ejeção diminuída (ICFER) representa uma condição grave, associada a alta mortalidade e custos elevados para os sistemas de saúde. Sua  progressão frequentemente leva à perda de peso e redução da massa muscular, agravada pela coexistência de sarcopenia. Isso resulta em significativa diminuição da qualidade de vida, aumento do risco de hospitalização e pior prognóstico, afetando a "utilidade" dos pacientes. No entanto, a avaliação da "utilidade" nessas condições ainda carece de uma abordagem mais precisa e específica.

Objetivo

Determinar a prevalência da sarcopenia em participantes com ICFER e valorar a utilidade dos mesmos com IC com e sem sarcopenia.

Materiais e Métodos

O estudo adotou uma abordagem longitudinal e prospectiva para investigar a relação entre ICFER e sarcopenia. Para avaliar a sarcopenia foram realizados os seguintes procedimentos: aferição da força de preensão manual por dinamometria; velocidade de marcha pelo teste de caminhada de 4 metros; exame de densitometria de composição corporal por absorção de raios X de dupla energia (DEXA) e aplicação do questionário SARC HF. A utilidade percebida pelos participantes foi valorada através da aplicação do questionário EQ-5D-3L. Os critérios de elegibilidade incluíram fração de ejeção abaixo de 40%, idade acima de 18 anos e tratamento ambulatorial.  Análises estatísticas descritivas foram implementadas para garantir a robustez dos resultados.  

Resultados

Na amostra de 80 participantes, a maioria (78,8%) era do sexo masculino, com 21,3% do sexo feminino.  De acordo com os critérios diagnósticos do European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) a prevalência de sarcopenia foi de 21,3%. Indivíduos sarcopênicos apresentaram significativamente menor valor de utilidade percebida (0,461, p=0,023) em comparação com aqueles sem sarcopenia (0,692, p=0,023). Maior proporção de sarcopênicos (78,8%) relatou dificuldades para caminhar, enquanto apenas 31,9% dos não sarcopênicos enfrentaram essa dificuldade. Em relação aos cuidados pessoais, 44,4% dos sarcopênicos tiveram limitações, contrastando com 8,7% dos não sarcopênicos. Dor ou mal-estar extremos foram mais comuns entre os sarcopênicos (33,3% vs. 11,6% nos não sarcopênicos). Quanto à ansiedade ou depressão, 22,2% dos sarcopênicos apresentaram níveis extremos, comparados a 14,5% nos não sarcopênicos.

Conclusões

A quantificação dos fatores que afetam a qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca, incluindo a sarcopenia, pode facilitar a tomada de decisões clínicas e a avaliação do custo-benefício. Esses resultados informam estratégias mais direcionadas para melhorar os desfechos clínicos e o bem-estar desses pacientes.