Dados do Trabalho
Título
Desempenho do escore MAGGIC em pacientes com insuficiência cardíaca em hospital brasileiro: uma ferramenta aplicável?
Introdução e/ou Fundamento
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome que resulta em redução da qualidade de vida, custos altos e, apesar de muitos avanços terapêuticos, ainda apresenta elevada mortalidade. A avaliação prognóstica é fundamental para a tomada de decisões no manejo desses pacientes. Porém, antes de serem utilizados na prática clínica, os escores prognósticos precisam ser validados localmente.
Objetivo
Avaliar o desempenho do escore prognóstico MAGGIC em pacientes brasileiros com IC.
Materiais e Métodos
Estudo de coorte em pacientes adultos que consultaram o ambulatório de IC do Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre 2012 e 2014. Foram coletados, através dos prontuários médico eletrônicos, dados clínicos e sociodemográficos, e realizado seguimento de até 3 anos. Foi avaliado o desempenho do escore MAGGIC separando os pacientes em 3 grupos de risco: baixo (≤20), médio (21-28) e alto (≥29). Para cada grupo, foi consultada a mortalidade esperada - conforme escore médio - e comparada com a respectiva mortalidade observada. O desfecho foi mortalidade por todas as causas. A acurácia do escore foi analisada com a construção da curva ROC, e para análise de sobrevivência foi utilizado o método Kaplan-Meier e testes Log-Rank. Todas as análises foram realizadas no Software SPSS - versão 18.
Resultados
Foram incluídos 344 pacientes (64,8% homens, idade média 61±13 anos, 80,5% brancos), sendo 36,6% de etiologia isquêmica e 19,5%, hipertensiva; 81,7% em classe funcional NYHA I ou II, e a FEVE média foi de 34±5%. Em 3 anos, a mortalidade foi de 27,6%. O escore MAGGIC médio foi de 18,3±7,5, sendo 22,7±7 nos pacientes que foram a óbito e 16,6±7 nos sobreviventes (p<0,001). A mortalidade observada aumentou significativamente conforme o grupo de risco MAGGIC: 17,9% no baixo risco, 40,2% no médio e 58,8% no alto (p < 0,001), e foi similar à mortalidade esperada (14,6%, 34,2% e 62,5% nos grupos de baixo, médio e alto risco, respectivamente). A curva ROC teve uma capacidade discriminatória com área sob a curva de 0,737 (0,683-0,792).
Conclusões
O escore MAGGIC apresentou adequado poder discriminatório para definição de grupos de risco nesta população de pacientes brasileiros com IC. A incorporação desta ferramenta pode auxiliar na avaliação prognóstica, tão essencial à tomada de decisões no contexto desta doença.
Área
Pesquisa Clínica
Autores
GABRIELA GOMES DE PAULA, MARIA EDUARDA KAMINSKI, DAYANA DIAS MENDONÇA, GABRIELA CORREA SOUZA, LUIS EDUARDO PAIM ROHDE, LUIS BECK DA SILVA NETO, ANDREIA BIOLO