Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Compreensão da experiência de finitude de sujeitos acometidos por insuficiência cardíaca

Introdução e/ou Fundamento

A insuficiência cardíaca lidera as internações e taxas de morbi-mortalidade entre as doenças cardiovasculares, constituindo, assim, um problema de saúde pública. O sujeito acometido pela insuficiência cardíaca refratária confronta limitações físicas, com perda de autonomia, quadros de exacerbação dos sintomas e a experiência de fim de vida.

Objetivo

Descrever a experiência de pacientes em fim de vida decorrente de insuficiência cardíaca refratária.

Materiais e Métodos

Estudo compreensivo, elaborado a partir de uma abordagem qualitativa. Teve como local e cenário do estudo um hospital de referência no Norte-Nordeste do Brasil, em unidade de internação exclusiva para tratamento clínico de pacientes com insuficiência cardíaca. Participaram do estudo pacientes internados em estágio D, sem proposta modificadora do curso da doença, ou seja, não responsivos ao arsenal terapêutico disponível. As informações foram obtidas por meio de entrevista semi-estruturada, gravadas e posteriormente transcritas para análise compreensiva com o apoio de referências relacionadas aos temas emergentes. O estudo foi aprovado pelo CEP competente com parecer de número 4.975.015.

Resultados

Onze pacientes foram entrevistados. Todos estavam internados há mais de 15 dias, sendo a internação mais longa de 60 dias. Nove já haviam sido internados outras vezes e apenas dois estavam na primeira internação. A renda dos participantes variou de nenhuma a três salários mínimos. Nove sujeitos tinham acompanhantes no hospital, com predomínio de esposas e filhas. A partir dos discursos, foram construídas duas categorias: 1) Viver com insuficiência cardíaca e finitude; e 2) Construção da compreensão sobre a morte e o morrer. Na categoria 1, a experiência de finitude é formada pelos significados atribuídos pelo sujeito às suas condições físicas, limitações e possibilidades decorrentes da insuficiência cardíaca, como a dependência para realização das atividades cotidianas. Algumas falas remetem à solidão, decorrente da ausência da oportunidade de diálogo, o que resulta em silêncio e desinformação sobre seu estado de saúde. Já na categoria 2, os participantes relatam seus medos, angústias, percepções e preocupações diante da morte; o temor sobre o morrer está presente nos discursos, com o resgate de arrependimentos e frustrações.

Conclusões

Compreende-se que o sujeito acometido pela insuficiência cardíaca, sem opção terapêutica, apresenta dificuldade para entender sua condição de finitude, agravada pela ausência de informações sobre seu quadro clínico. Para vivenciar essa experiência de forma autêntica, o sujeito necessita conhecer seu estado atual e suas possibilidades.

Área

Pesquisa Multidisciplinar

Autores

THIAGO MARTINS DE SOUSA, LORENA CAMPOS DE SOUSA, AMANDA CABOCLO FLOR, LÚCIA DE FÁTIMA DA SILVA, VIRNA RIBEIRO FEITOSA CESTARI, MARINA DE GÓES SALVETTI, VERA LÚCIA MENDES DE PAULA PESSOA