Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Análise do desfecho clínico de pacientes internados por insuficiência cardíaca descompensada a partir do grau de fração de ejeção do ventrículo esquerdo em hospital cardiológico terciário

Introdução e/ou Fundamento

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome complexa de distribuição global, com elevada morbimortalidade associada. A partir da determinação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), pode-se classificar a IC em três fenótipos: IC com FE reduzida (ICFEr) para FE<40%, IC com FE levemente reduzida (ICFElr) quando FE entre 40% e 49,99% e IC com FE preservada (ICFEp), em casos de pacientes com FE≥50%. Tal parâmetro é importante na avaliação prognóstica desses pacientes e influencia diretamente no manejo clínico da IC. 

Objetivo

Analisar o desfecho clínico de pacientes internados por IC descompensada baseando-se no grau da FEVE.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo observacional transversal analítico, realizado em centro cardiológico terciário, a partir de uma amostra de pacientes, sem limitação de faixa etária, internados por descompensação de IC quaisquer etiologias. A coleta de dados foi realizada durante doze meses mediante acesso a prontuário eletrônico. O nível de significância utilizado foi 5%, adotando o teste Qui-quadrado de Pearson.

Resultados

Amostra total de 562 pacientes, com idade média de 63±14,5 anos, variando de 19 a 102 anos, sendo 57,8% homens. Dos pacientes internados, 309 possuíam ICFEr; 88, ICFElr; e 165, ICFEp. Analisando o desfecho “tempo de hospitalização”, predominou nos três grupos tempo de internamento ≤15 dias, correspondendo à 61,2% dos ICFEr, 61,4% dos ICFElr e 52,1% dos ICFEp (p=0,138). Por sua vez, 20,4% dos pacientes com ICFEr, 15,9% do grupo ICFElr e 26,1% do grupo ICFEp passaram > 30 dias hospitalizados (p=0,142). Quanto à taxa de reinternamento por IC descompensada, dentro de 1 ano após a alta, tem-se os seguintes valores: 26,7% daqueles pacientes com ICFEr, 25,3% daqueles com ICFErl e 23,6% daqueles com ICFEp. Em termos de evolução para alta ou óbito, tem-se que: dos pacientes com ICFEr, 83,1% receberam alta, enquanto 16,9% foram a óbito. Dos pacientes com ICFElr, 82,8% receberam alta, enquanto 17,2% foram a óbito. Já nos pacientes com ICFEp, 75,2% receberam alta, enquanto 24,8% foram a óbito (p=0,101).

Conclusões

Dentre os três fenótipos, o grupo ICFEp, apesar de associado a um período de hospitalização mais prolongado, apresentou um menor índice de reinternamento que os demais. Além disso, pacientes ICFEp internados por descompensação tiveram maior taxa de óbito em comparação com os pacientes com ICFEr e com ICFElr, os quais tiveram taxas semelhantes entre si. Esses resultados, entretanto, não foram estatisticamente significativos, pois p>0,05. Tal achado diverge de dados presentes na literatura, que indicam maior mortalidade em pacientes com FEVE reduzida. 

Área

Pesquisa Clínica

Autores

MARCELA VASCONCELOS MONTENEGRO, CLARA DE ANDRADE PONTUAL PERES, HENRIQUE MACEDO CLAUDINO, ANA CAROLINA DIAS ALMEIDA, FERNANDO RABELO DE OLIVEIRA CAVALCANTI FILHO, ENZO MACÊDO NUNES, VICTÓRIA BEDOR JARDIM QUIRINO, GIULIA ANTONI FERREIRA ROCHA, CAROLINA JERÔNIMO MAGALHÃES, RODRIGO RUFINO PEREIRA SILVA, RAFAEL SILVESTRE VIEIRA DA SILVA, JÚLIA FEITOSA BRITO DOS SANTOS, MARIA EDUARDA XAVIER DAS CHAGAS FERREIRA, MARINA NOGUEIRA DE PAIVA HENRIQUES, CARLOS EDUARDO LUCENA MONTENEGRO