Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

CARDITE REUMÁTICA AGUDA GRAVE: UM RELATO DE CASO

Introdução e/ou Fundamento

A cardite reumática é a manifestação mais grave da febre reumática¹ e continua a ser a causa mais comum de doença valvular mundialmente.² O acometimento cardíaco é caracterizado pela pancardite, entretanto são as lesões valvares as responsáveis pelo quadro clínico e pelo prognóstico.¹    

Descrição do Caso

Paciente do sexo feminino, 14 anos de idade, com quadro de dispneia aos moderados esforços de caráter progressivo, iniciada há 6 meses, além de edema palpebral e palpitações. Negava antecedente de faringite ou febre nos últimos seis meses. Fazia uso contínuo de fenobarbital 100mg por história de epilepsia na infância, com a última crise aos 4 meses de idade.  Ao exame físico apresentava taquicardia, taquipneia, ausculta cardíaca com presença de B3 e de sopro diastólico em focos mitral e aórtico acessório com presença de frêmito e irradiação para dorso. Eletrocardiograma evidenciou taquicardia sinusal e sobrecarga de  ventrículo esquerdo. Radiografia de tórax mostrava aumento de câmaras cardíacas esquerdas além de congestão pulmonar. Provas de atividade inflamatória (VHS e PCR) eram normais. Ecocardiografia transtorácica confirmou átrio esquerdo de volume aumentado (130mL), fração de ejeção do ventrículo esquerdo preservada (65%), valva aórtica espessada nas bordas com refluxo de grau moderado; valva mitral com cúspides espessadas, mobilidade reduzida da cúspide posterior, falha de coaptação e refluxo de grau importante; e valva tricúspide com refluxo de grau importante. Diante de quadro clínico compatível com cardite grave cursando com insuficiência cardíaca aguda,  a paciente foi transferida para leito de UTI e tratada inicialmente com dobutamina, nitroglicerina e diuretico venoso. No 2º dia do internamento, diante da suspeita de cardite de etiologia reumática, optado por início de corticoterapia venosa com hidrocortisona 200mg ao dia. A paciente evoluiu com melhora da dispneia, sendo encaminhada à enfermaria no 6º dia do internamento, onde manteve-se assintomática, porém com persistência de taquicardia sinusal.

Discussão e/ou Conclusão

A insuficiência cardíaca é descrita em cerca de 10% dos pacientes com febre reumática aguda com cardite.³ A regurgitação mitral é a alteração mais frequente, seguida da regurgitação aórtica. Espessamento valvar também é comum.⁴ ⁵  A função ventricular esquerda é normal no episódio inicial e a maioria dos pacientes mantém função preservada. Sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, assim como regurgitação mitral e/ou aórtica de grau moderado/importante, caracterizam cardite grave. O tratamento se faz pelo controle da atividade inflamatória com o uso de corticoide.¹ No caso descrito, evidenciamos uma paciente jovem evoluindo com insuficiência cardíaca aguda grave e achados ecocardiográficos compatíveis com cardite reumática, melhorada após início de corticoide.  

Área

Relatos de Casos

Autores

LORENNA ANDRESSA BATISTA ZACARIAS, Gabriela Brito Bezerra, Heitor Régis Spinelli, Marcos Rafael Dantas Salgues, Maria Juliana de Arruda Queiroga, Diana Patricia Lamprea Sepulveda