Dados do Trabalho

Título

Perfil dos pacientes internados por insuficiência cardíaca de etiologia valvar descompensada em hospital de referência

Introdução e/ou Fundamento

A insuficiência cardíaca (IC) possui etiologias diversas. A doença cardíaca valvar, uma das principais causas, apresenta impacto importante na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes.  Em países desenvolvidos, a disfunção valvar é majoritariamente de etiologia degenerativa, enquanto em países em desenvolvimento a cardiopatia reumática prevalece.

Objetivo

Delinear as características e desfechos dos pacientes com IC de etiologia valvar internados por descompensação da IC.

Materiais e Métodos

Estudo coorte retrospectivo de todos os pacientes com idade ≥ 18 anos internados por IC descompensada de etiologia valvar. Realizado em hospital terciário de cardiologia durante o período de um ano (2021). A pesquisa recebeu aprovação do comitê de ética local.

Resultados

Um total de 122 pacientes foi analisado. A média da idade foi de 59±16 anos e 50,8% eram do sexo feminino. Sobre a etiologia, 48,4% possuíam febre reumática, 10,7% tinham degeneração valvar e 56,6% dos pacientes já apresentavam cirurgia de troca valvar prévia. A média da fração de ejeção (FE) foi de 49,1±16,9%, sendo 49,5% ICFE ≥ 50%, 32,8% ICFE ≤ 40% e 15,6% ICFE 41-49%. Do total, hipertensão estava presente em 81,2%, fibrilação atrial em 40,2%, diabetes mellitus tipo 2 em 22,1% e dislipidemia em 16,4%. No momento da admissão, 56,6% foram classificados como classe funcional NYHA IV e 27% como NYHA III, sendo que 76,23% do total apresentava perfil B da IC. O tempo médio de internamento hospitalar foi de 20 dias (intervalo  0-123 dias) e 51,7% precisaram de cuidados intensivos em algum momento do internamento. De acordo com ecocardiograma transtorácico realizado, 37,7% possuíam disfunção de valva aórtica moderada ou severa, 59,9% disfunção de valva mitral moderada ou severa, 52,5% disfunção de valva tricúspide moderada ou severa e  61,48% possuíam hipertensão pulmonar - sendo a pressão sistólica de artéria pulmonar média de 46,5±18,2 mmHg. Em relação aos desfechos, 70,49% receberam alta hospitalar e 29,5% foram a óbito nesse internamento. Dos 86 pacientes que receberam alta, 27 tiveram novo internamento dentro de um ano e, destes, 4 foram a óbito.

Conclusões

Na população estudada, a etiologia reumática foi muito prevalente. O perfil de pacientes é grave desde o momento da admissão, e a mortalidade intra-hospitalar é elevada. Destaca-se a importância do diagnóstico, acompanhamento e terapêutica adequados desses pacientes com insuficiência cardíaca valvar, na tentativa de minimizar sua morbimortalidade atribuída.