Dados do Trabalho
Título
Uso prolongado da bomba de balão intra-aórtico: uma estratégia segura?
Introdução e/ou Fundamento
O transplante cardíaco (TC) é a terapia principal na insuficiência cardíaca avançada (ICA) refratária ao tratamento clínico otimizado. O balão intra-aórtico (BIA) é um dispositivo de assistência ventricular que auxilia na estabilidade hemodinâmica quando há deterioração clínica a despeito de doses crescentes de inotrópicos. O maior estudo até o momento manteve o BIA por 03 dias. Outros trabalhos tentaram validar seu uso por pelo menos dez dias, embora sem sucesso.
Objetivo
Descrever os principais resultados e complicações associados ao uso prolongado de BIA em um centro de transplante cardíaco.
Materiais e Métodos
Com base nos registros médicos eletrônicos da instituição de 2019-2023, realizou-se uma coorte histórica de sete casos que utilizaram o BIA por mais de 30 dias antes de serem submetidos ao TC. A idade variou de 18 a 63 anos (média de 43,57 anos). Todos classificados como Interagency for Mechanically Assisted Circulatory Support 2 (INTERMACS 2) durante o período de avaliação. As etiologias para ICA e necessidade de TC foram miocardite de células gigantes, miocardite grave associada à Covid-19, cardiomiopatia dilatada de etiologia valvar reumática e cardiomiopatia chagásica. A média da fração de ejeção foi de 26,85%. Foram monitorados constantemente pela equipe multidisciplinar da terapia intensiva. A necessidade de manutenção do BIA foi revisada diariamente pela equipe assistente, assim como seu funcionamento e possíveis complicações associadas ao dispositivo.
Resultados
Todos os pacientes utilizaram BIA continuamente por mais de 30 dias, com um tempo médio de 98,42 dias. Embora a mediana esteja mais próxima de 30 dias, a média foi superestimada por dois pacientes que permaneceram com o BIA por 225 e 247 dias, respectivamente. Com relação às complicações durante o uso do BIA, foi observado sangramento do óstio do dispositivo em dois casos, ambos resolvidos com bolsa de sutura. Nenhum paciente apresentou infecção durante o uso do dispositivo. Todos foram transplantados e permaneceram com o BIA até o momento do procedimento. Os dois pacientes com tempo de uso do BIA extremamente prolongado (mais de 200 dias) precisaram ter o dispositivo removido no centro cirúrgico pelo risco de ruptura, o que ocorreu sem intercorrências.
Conclusões
O uso prolongado do BIA em pacientes que aguardavam o TC mostrou-se eficaz na manutenção da estabilidade clínica. Apesar dos riscos associados, como sangramento e complicações trombóticas, o monitoramento em um ambiente especializado permitiu a utilização segura do BIA por períodos prolongados. A ausência de infecções indica o gerenciamento eficaz dos riscos e a seleção cuidadosa dos pacientes. O atendimento multidisciplinar é fundamental para evitar complicações mecânicas, infecciosas e manter a saúde emocional do paciente enquanto aguarda o transplante.
Área
IC Avançada
Autores
Kaliana Maria Nascimento Dias de Almeida, Kaliana Maria Nascimento Dias de Almeida, Diandro Marinho Mota, Diandro Marinho Mota, Airton Salviano de Sousa Júnior, Airton Salviano de Sousa Júnior, Victor Benfica de Mello Mattos, Victor Benfica de Mello Mattos, Carolina Casadei dos Santos, Carolina Casadei dos Santos, Marco Aurélio Finger, Marco Aurélio Finger, Ítalo Menezes Ferreira, Ítalo Menezes Ferreira, João Rossi Neto, João Rossi Neto