Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

VALOR PROGNÓSTICO DOS DISTÚRBIOS DA CONDUÇÃO INTRAVENTRICULAR EM PACIENTES COM DESCOMPENSAÇÃO DE IC ADMITIDOS EM UM CENTRO TERCIÁRIO

Introdução e/ou Fundamento

A insuficiência cardíaca (IC) é uma das causas mais frequentes de morbimortalidade geral. As hospitalizações por IC estão associadas a aumento de mortalidade, sendo um dos principais eventos a ser evitado. Os distúrbios de condução intraventricular (DCI), sejam eles por bloqueio do ramo direito (BRD) ou esquerdo (BRE) do feixe de His, estão associados a alterações estruturais e implicam em piores desfechos.

Objetivo

Avaliar a associação prognóstica da presença de DCI ao eletrocardiograma admissional e a evolução para desfechos clínicos (morte, internamento prolongado >30 dias e reinternação em até um ano) entre pacientes com IC descompensada admitidos em um centro terciário.

Materiais e Métodos

Estudo transversal e analítico, que incluiu pacientes com idade ≥18 anos, internados por IC descompensada entre 2021 e 2022. Para análise estatística das variáveis foram utilizados o teste exato de Fisher e o teste Qui-quadrado de Pearson. O nível de significância considerado foi de 5%. Este estudo foi aprovado no comitê de ética local.

Resultados

Foram incluídos 1093 pacientes, sendo 212 excluídos por ausência de dados e 881 analisados; 57% eram homens. As etiologias mais implicadas foram a isquêmica (26,6%) e a valvar (20,8%). Na admissão, 58,5% dos pacientes apresentavam classe funcional NYHA IV e 25,6% NYHA III. A taxa geral de mortalidade foi de 16,1% (114 eventos no internamento índice e 35 em um ano). Na amostra geral a presença de BRE ocorreu em 17,6% dos pacientes e a presença de BRD em 25,4%. As taxas de eventos foram maiores na população com fração de ejeção (FE) <40% (475 pacientes), sendo o índice de óbito maior nos com DCI (44%) versus naqueles sem DCI (11%) com valor de p<0,001. A presença de BRD [OR = 3,6 (IC 95%:1,8 a 7,0); p<0,001)] foi mais implicada em mortalidade que a de BRE [OR = 1,3 (0,7 a 2,4 - IC 95%); p<0,001)]. A duração do QRS (120-135ms; 136-150ms; >150ms), não determinou maiores taxas de eventos: 12,7% vs 22% vs 16,2% (p=0,560), não havendo associação com outros desfechos. A presença de classe funcional NYHA III ou IV não apresentou associação estatística com nenhum desfecho, mesmo considerando diferentes extratos de FE. Nas populações com FEVE >40% a <50% e ≥50% não houve associação relevante de DCI com qualquer desfecho, no entanto, a taxa geral de mortalidade foi maior nos pacientes com ICFEp [OR = 1,6 (IC 95%: 1,1 - 2,4); (p=0,036)], com eventos em 14,1% dos pacientes com ICFEr, 17,8% nos com ICFEI e 21,4% nos com ICFEp.

Conclusões

De acordo com os dados da amostra, os DCI se mostraram marcadores prognósticos importantes na evolução para desfechos clínicos desfavoráveis, ratificando a associação entre alterações do sistema de condução e mortalidade em pacientes internados por IC. Sugere-se que existam diferentes marcadores prognósticos entre as populações analisadas. 

Área

Pesquisa Clínica

Autores

RODRIGO RUFINO PEREIRA SILVA, CAROLINA JERONIMO MAGALHÃES, RAFAEL SILVESTRE VIEIRA DA SILVA, ENZO MACEDO NUNES, Henrique Macedo CLAUDINO, Maria Xavier das Chagas Eduarda Ferreira, Marcela Vasconcelos Montenegro, Giovana Arcuri Cavalcanti, Clara de Andrade Pontual Peres, Marina Nogueira de Paiva Henriques, CARLOS EDUARDO LUCENA MONTENEGRO