Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Prevalência e valor prognóstico de longo prazo da ressonância cardíaca nos pacientes em estágios iniciais da Doença de Chagas

Introdução e/ou Fundamento

A Doença de Chagas (DC) ainda é responsável por até 15 mil mortes/ano, com aproximadamente 40 mil novos casos por ano em todo o mundo. Apesar dos avanços, existe dificuldade em prever evolução desfavorável de pacientes em estágios iniciais da DC (assintomáticos e sem disfunção sistólica pelo ecocardiograma). A ressonância cardíaca (RMC) tem dado valiosa contribuição na compreensão das cardiomiopatias com sua avaliação morfofuncional.

Objetivo

Determinar a prevalência alterações pela RMC (alteração da contratilidade e realce tardio) e sua associação com a progressão da Cardiopatia da Doença de Chagas (CDC).

Materiais e Métodos

Analisamos 29 pacientes ambulatoriais assintomáticos com sorologia positiva para Doença de Chagas que realizaram ressonância cardíaca (RMC) entre maio de 2014 e novembro de 2015. Quinze eram pacientes em estágio A (fase indeterminada), e catorze pacientes estágio B1 (alterações eletrocardiográficas sem disfunção sistólica pelo ecocardiograma). Em 2024, foram feitas buscas em prontuário para analisar a evolução da CDC (surgimento de bloqueio de ramo, arritmias ventriculares, disfunção sistólica, insuficiência cardíaca ou morte) para analisar sua associação com os achados na RMC.

Resultados

Os pacientes tinham uma média de idade de 60 ± 9,9 anos, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) pela RMC de 65 ± 8,6%, todos FEVE>50%, e o volume diastólico indexado por superfície corpórea de 67 ± 17 ml/m2. A presença de acometimento cardíaco pela RMC ocorreu em 41% pacientes (26% dos pacientes do estágio A e 57% do B1), sendo 24% com realce tardio (13% do estágio A e 36% do B1), 34% alteração segmentar (26% do estágio A e 43% do B1) e 17% com ambas as alterações (13% do estágio A e 21% do B1).    Cinco pacientes não apresentavam nenhum registro em prontuário após a data da RMC, todos eles B1. Nenhum óbito foi constatado. O tempo de seguimento médio (intervalo entre a realização da RMC e o registro mais recente em prontuário) foi de 7,9 ± 1,8 anos. Dos 11 pacientes estágio A e sem alteração na RMC, apenas 2 (18%) tiveram alguma progressão para CDC (ICFEP e BRD). Dos 6 pacientes estágio B1 com alteração na RMC, 4 deles (66%) apresentaram progressão da CDC (ICFER, arritmia ventricular frequente, BRD ou BDAS novos).    Em análise de regressão logística, o realce tardio se associa estatisticamente com progressão da CDC (p<0.01), mesmo após análise de sensibilidade tratando a perda de seguimento como pior cenário ou exclusão da análise.

Conclusões

Alterações estruturais pela RMC estiveram presentes em 41% dos pacientes em estágio inicial na Doença de Chagas, com presença de realce tardio em 1/4. A presença do realce tardio se associou a maior progressão de Cardiopatia da Doença de Chagas destes pacientes. 

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Hélder Jorge Andrade Gomes, Carlos Eduardo Montenegro, Silvia Marinho Martins, Aline Trindade, Paulo Henrique do Ó Gayoso Meira, Humberto Melo Caldas, Bruna M S Andrade, Priscila L Machado, Daniel Antunes Silva Pereira, Alcides Rocha Figueredo Jr, Julia Valencio Alves Leandro, Suzana Santos Ryu, Karina Nobrega Oliveira, Carlos Eduardo Rochitte, Wilson Oliveira Jr