Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

ANÁLISE DE PARÂMETROS PREDITORES DE FIBRILAÇÃO ATRIAL NO ELETROCARDIOGRAMA E NO ECOCARDIOGRAMA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: ESTUDO PILOTO

Introdução e/ou Fundamento

A fibrilação atrial (FA) é arritmia sustentada mais comum na prática clínica, acomete 2 a 4% de todos os adultos no mundo e cerca de 12% dos idosos acima de 80 anos. Em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), a incidência aumenta para 13 a 27%. Tal arritmia está associada a fenômenos tromboembólicos, elevando a taxa de mortalidade. Assim, parâmetros preditores de FA em pacientes com IC podem contribuir para diagnóstico e intervenção precoces, reduzindo a morbimortalidade. No eletrocardiograma (ECG) pode-se utilizar parâmetros da onda P, bem como diâmetro do átrio esquerdo (DAE) e seu volume (VAE) pelo ecocardiograma (ECO).  Porém, não existe consenso acerca do tema, especialmente em pacientes com IC.

Objetivo

Avaliar parâmetros eletrocardiográficos, associados a parâmetros ecocardiográficos, para a predição de FA em pacientes com IC.

Materiais e Métodos

Estudo piloto, observacional e retrospectivo de amostra aleatória de conveniência de pacientes em ritmo sinusal com histórico de FA e com IC. Coletou-se, pelo ECO: VAE e DAE; pelo ECG: duração máxima da onda P (MáxOP), duração da onda P em DII (OPDII), força terminal em V1 (FTV1),  intervalo PR em DII (PR) e morfologia da onda P em DII. Utilizou-se o programa Stata para a análise estatística.

Resultados

Até o momento, 12 pacientes compõem a amostra, com média de idade de 59 anos. Dentre os pacientes com VAE aumentado (50%), tem-se: 67% com MáxOP≤120ms; 83% com OPDII≤120ms; 100% com FTV1>0,04mm/s, 50% com PR>200ms, 50% com onda P bimodal e 16,6% com onda P apiculada. Daqueles que demonstraram DAE aumentado (91%), obteve-se: 73% com MáxOP≤120ms, 90% com OPDII≤120ms, 89% com FTV1>0,04mm/s, 73% com PR≤200ms, 27% com onda P bimodal e 27% com onda P apiculada. Apenas um paciente (9%) possuía DAE com dimensão dentro da faixa de normalidade, apresentando MáxOP≤120ms, OPDII≤120ms, FTV1≤0,04 mm/s e onda P bimodal. Dentre os pacientes com VAE dentro da faixa de normalidade (41%), constatou-se: 80% com MáxOP≤120ms, 100% com OPDII≤120ms, 75% com FTV1>0,04mm/s, 100% com PR≤200ms, 40% com onda P apiculada e nenhum com onda P bimodal. Apenas um paciente demonstrou VAE reduzido (9%), apresentando MáxOP≤120ms, OPDII≤120ms, FTV1≤0,04mm/s, PR≤200ms e onda P bimodal.

Conclusões

Pacientes com VAE e DAE aumentados, FTV1>0,04mm/s e onda P bimodal ou apiculada podem representar parâmetros eletro-ecocardiográficos preditores de FA em pacientes com IC, especialmente quando associados. Chama-se a atenção para os parâmetros eletrocardiográficos citados acima, visto que foram notados mesmo em pacientes com parâmetros ecocardiográficos dentro da faixa de normalidade, sendo uma informação que pode agregar na estratificação de risco para FA em tais pacientes. Por fim, ressalta-se a necessidade de estudos com uma maior amostra de pacientes. 

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Ludmila Cristina Camilo Furtado, Maria Luiza Vasconcelos Montenegro , Marcela Vasconcelos Montenegro, Dário Celestino Sobral Filho