Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇÃO ENTRE VELOCIDADE DE ONDA DE PULSO E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS APÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Introdução e/ou Fundamento

Insuficiência cardíaca (IC) é a principal complicação do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), caracterizada por uma alteração morfofuncional dos miócitos. A velocidade da onda de pulso (VOP) é padrão-ouro na análise da rigidez arterial, sendo um possível preditor de risco para IC por se encontrar elevada nesses pacientes, embora ainda não exista um consenso na literatura.

Objetivo

Analisar a associação entre a VOP e IC em pacientes hospitalizados após IAM em hospital de referência.

Materiais e Métodos

Estudo prospectivo observacional com amostra aleatória de conveniência de 52 pacientes, idade ≥ 18 anos, internados em emergência cardiológica. Foram coletados dados clínicos e feita medição da VOP mediante Arteris AOP (Cardios MR), sendo realizadas duas medidas, a primeira dentro de 24 horas do evento isquêmico (VOP1) e a segunda entre 3 a 5 dias de internamento (VOP2). O diagnóstico de IAM baseou-se em: sintomas isquêmicos, anormalidades eletrocardiográficas e/ou alteração dos valores da Troponina I (> percentil 99th). A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi utilizada para categorizar a IC. O teste de Fisher foi aplicado para análise das variáveis categóricas, sendo considerado o nível de significância de 5%. 

Resultados

 A população estudada apresentou mediana de idades de 58.6 anos (DP: 11.2, mínima: 30 anos, máxima: 81 anos), com maioria de homens (77%), hipertensos (75%), tabagistas (57,7%), sem histórico de IAM prévio (90,4%) e com supra de ST ao ECG (96,1%). Histórico familiar de doença arterial coronariana foi o fator de risco mais prevalente (35,3%), seguido de diabetes mellitus tipo 2, obesidade, e dislipidemia. A IC estava presente em 40,4% da amostra, sendo 36% ICFEr e 64% ICFEp. 48,1% dos pacientes apresentaram valores de VOP alterados na primeira medida, enquanto na segunda medida a porcentagem foi de 37% (n = 46). Não foi encontrada significância estatística (p>0,05) na avaliação das associações entre as covariáveis clínicas com a IC, resultado esperado por se tratar de uma amostra com características semelhantes. Apesar de não estatisticamente significativo, a segunda medida da VOP indicou um possível aumento de risco para IC em pacientes valores alterados deste parâmetro. Ao associar a VOP1 e VOP2 com IC, obteve-se, respectivamente, p = 1,00 e p = 0,37. A estimativa da Odds Ratio (OR) da associação entre as medidas VOP e IC, estimou na VOP 1 uma OR de 0,97 e em relação a VOP 2 uma OR igual a 1,84, sugerindo uma associação entre uma medida tardia anormal deste parâmetro e IC.

Conclusões

Na amostra estudada, a VOP indicou um possível aumento do risco para IC em pacientes com VOP alterada medida fora do contexto agudo, embora não tenha sido observada relação entre a VOP e IC, quando medida nas primeiras 24 horas do evento isquêmico.  

Área

Pesquisa Clínica

Autores

MARCELA VASCONCELOS MONTENEGRO, MARIA LUIZA VASCONCELOS MONTENEGRO, LUDMILA CRISTINA CAMILO FURTADO, DÉBORAH EMMILY DE CARVALHO, VANESSA DE OLIVEIRA E SILVA, ULISSES RAMOS MONTARROYOS, MARCO ANTÔNIO DE MELO ALVES, WILSON NADRUZ JÚNIOR, DÁRIO CELESTINO SOBRAL FILHO, AUDES DIÓGENES DE MAGALHÃES FEITOSA