Dados do Trabalho
Título
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM DISFUNÇÃO DE BIOPRÓTESE MITRAL EM HOSPITAL TERCIÁRIO CARDIOLÓGICO BRASILEIRO
Introdução e/ou Fundamento
A febre reumática permanece endêmica no Brasil. A doença reumática cardíaca tem predileção pela válvula mitral. Nesse contexto, somado ao envelhecimento populacional crescente, aumentando o risco de valvopatias degenerativas, torna-se necessário compreender o perfil dos pacientes com implante de próteses biológicas que chegam aos grandes centros de saúde, a fim de proporcionar um melhor manejo dessa população.
Objetivo
Avaliar o perfil clínico-epidemiológico dos portadores de disfunção de prótese biológica mitral com indicação de reintervenção acompanhados em serviço de referência pernambucano.
Materiais e Métodos
Estudo transversal retrospectivo com inclusão de 73 pacientes internados em hospital cardiológico pernambucano, entre 2020-2022, para realização de troca de valva mitral, decorrente da disfunção de prótese biológica prévia. Foram incluídos portadores de prótese mitral disfuncionante, independente da etiologia, diagnosticada através de ecocardiograma transtorácico ou transesofágico, internados eletivamente ou de urgência. Foram excluídos pacientes com disfunção de prótese aórtica. A coleta de dados se baseou na revisão de prontuários, avaliando as variáveis: idade, sexo, etiologia (reumática ou não), tipo de disfunção, tempo de duração da prótese anterior, fração de ejeção, presença de comorbidades e desfecho (óbito ou alta hospitalar). As variáveis qualitativas foram avaliadas pelo teste Qui-quadrado, já para variáveis quantitativas, aplicou-se o teste t-Student. O nível de significância assumido foi de 0,05.
Resultados
Idade média de 52,9 anos (Desvio-padrão: 12,2), predominando o sexo feminino (58,9%), portadores de doença reumática (92,2%), hipertensão (61,6%), fibrilação atrial e/ou flutter atrial (64,4%) e com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) preservada (75,3%). Doença arterial coronariana (DAC) esteve presente em 24,7% da amostra, seguido de histórico de AVC (21,9%), diabetes mellitus - DM (15,1%) e tabagismo (13,7%). O tipo de disfunção mitral predominante foi estenose (53,4%) e o tempo médio de duração da prótese foi cerca de 10 anos. As seguintes causas de disfunção foram observadas: degeneração de valva biológica (53,6%), rotura de folheto (30,4%), endocardite (10,2%) e trombose (5,8%). Quanto ao desfecho de óbito, esteve presente em 26% da população, com associação estatisticamente significativa apenas com DAC (p=0,04) e/ou endocardite (p=0,048), associando-se ao aumento de mortalidade.
Conclusões
Este trabalho reforçou os dados da literatura sobre os principais fatores de risco para eventos desfavoráveis em pacientes com valvulopatia mitral, possibilitando uma melhor compreensão do perfil clínico-epidemiológico dessa população.
Área
Pesquisa Clínica
Autores
Jayssa Carvalho de Sá Oliveira, Marcela Vasconcelos Montenegro, Kássio Henrique D`Angelo Lopes, Kevin Felipe dos Santos Silva, Rebeca dos Santos Barboza, Alane Rebêlo de Santiago, Diana Patrícia Lamprea Sepulveda