Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

HEMOCONCENTRAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM DESCONGESTÃO EM PACIENTES ADMITIDOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA CARDIOLÓGICO

Introdução e/ou Fundamento

A diureticoterapia é o pilar do tratamento da insuficiência cardíaca descompensada (ICD) e é esperado que durante a compensação do paciente ocorra hemoconcentração e aumento do valor da hemoglobina. Estudos internacionais apontam relação entre hemoconcentração e maior expectativa de vida, além de menor reospitalização. 

Objetivo

Identificar o perfil clínico e terapêutica instituída dos pacientes com ICD admitidos na emergência do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco no período 2017 a 2023, quanto a etiologia da insuficiência cardíaca, tempo de internamento, presença de hemoconcentração, diureticoterapia instituída, alteração da função renal e medicações de alta.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo observacional retrospectivo e analítico. A amostra se caracterizou por ser de base hospitalar, com dados extraídos de prontuário eletrônico. A partir desta lista foram selecionados os pacientes com tempo de internamento de pelo menos 4 dias e disponibilidade no prontuário eletrônico dos exames laboratoriais admissionais, assim como outro resultado com 72 horas a 7 dias de diferença do primeiro exame. Foi realizada análise descritiva com caracterização da amostra e descrição quantitativa dos participantes quanto às variáveis numéricas de idade, fração de ejeção, exames laboratoriais e terapia medicamentosa instituída. Houve a divisão da amostra populacional encontrada em dois grupos: hemoconcentrados (variação maior que uma unidade absoluta entre dois exames de hemoglobina com ao menos 72 horas de intervalo entre eles) e hemodiluídos (variação menor ou igual a um entre os exames sucessivos para valor de hemoglobina). Em seguida, foram feitas comparações de proporções entre estes grupos independentes através do teste exato de Fisher. 

Resultados

Dos 81 pacientes analisados apenas 8 (9,9%) preencheram o critério de hemoconcentração. O tempo de internamento para tratamento do quadro congestivo, em média, foi de 13,4 dias. Houve uma tendência a uso de maiores doses de furosemida (p 0,852), de espironolactona (p 0,437), de associação de drogas vasoativas (p 0,270) e de piora da função renal (p 0,706) no grupo de hemoconcentrados. O grupo de hemoconcentrados também fez maior uso hospitalar de hidroclorotiazida em comparação com o grupo de hemodiluídos (37,5% vs. 8,2%), com significância estatística ( p 0,041). Apenas 28,4% dos pacientes saíram com a prescrição para casa otimizada.

Conclusões

O perfil de tratamento encontrado no estudo é menos agressivo do que habitualmente visto na literatura. Confirmou-se que a associação da furosemida com a hidroclorotiazida potencializa o efeito diurético, hemoconcentrando mais os pacientes. Novos estudos devem ser realizados com maior amostra populacional para melhor estabelecer correlação estatisticamente relevante entre os grupos hemoconcentrados e hemodiluídos.  

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Karina Mascarenhas B. Alves, Aline Figueiras da Trindade, Bárbara Farias Bastos, Diogo Coutinho Suassuna, Esthefany Dias Barbosa , Lucas Eduardo Vilarinho Guimarães , Thaís Araújo Nóbrega, Isabela Roberto de Lima Borba, Paulo Henrique do Ó Gayoso Meira , Carlos Eduardo Lucena Montenegro