Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Plasmaférese no tratamento da rejeição mediada por anticorpos

Introdução e/ou Fundamento

A plasmaferese é uma estratégia frequentemente considerada no contexto da rejeição mediada por anticorpos após o transplante cardíaco, no entanto, as evidências neste cenário são escassas.

Objetivo

O objetivo deste estudo é descrever uma série de pacientes com transplante cardíaco submetidos a plasmaferese entre 2010 e 2023 em um centro de transplante de referência.

Materiais e Métodos

Estudo observacional transversal retrospectivo. A pesquisa foi realizada em registros eletrônicos de prontuários de pacientes submetidos a plasmaferese de janeiro de 2010 a fevereiro de 2023. Foram excluídos pacientes submetidos a plasmaférese por outro motivo que não o transplante cardíaco, como para terapia de dessensibilização, e também pacientes menores de 18 anos. 

Resultados

Um total de 49 pacientes pós-transplante cardíaco foram submetidos a plasmaferese no período descrito. Em relação ao perfil dos pacientes, as principais etiologias foram cardiomiopatias dilatadas (29%), chagasicas (24%), isquêmicas (6%) e outras (41%). A idade mediana foi de 40 anos (IQR 28-54), com 61% dos pacientes do sexo masculino. A fração mediana de ejeção do ventrículo esquerdo antes do tratamento foi de 45% (IQR 37-56) e após o tratamento 58% (IQR 47-64). A rejeição mediada por anticorpos foi demonstrada na biópsia endomiocárdica em 59% e celular em 36%. Os anticorpos anti-HLA estavam presentes em 71% dos casos e não-HLA em 18%. A apresentação clínica foi assintomática em 26% dos pacientes, congestão sem baixa produção em 27% e choque cardiogênico em 47% (apoio inotrópico 52%, ECMO 35% e IABP 13%). A taxa de sobrevivência foi de 75% em 30 dias, 61% em um ano. A morte estava relacionada ao choque cardiogênico em 74% (50% na ECMO e 14% na IABP). O tempo mediano entre a plasmaferese e a data da morte foi de 16,5 dias (IQR 6,5 – 60). Outras complicações incluíram infecção (59%), sangramento (16%) e trombose (2%).

Conclusões

A rejeição mediada por anticorpos é uma condição grave após o transplante cardíaco, na qual a plasmaferese é uma importante estratégia de resgate, no entanto, não livre de complicações. A apresentação de choque cardiogênico traz um prognóstico pior.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Suellen Lídia Da Silva, Camila Vilela Giacovone, Sandrigo Mangini, Monica Samuel Ávila , Fabiana Marcondes-Braga, Luís Fernando Seguro, Iascara Wosniak, Youko Nokui, Daniela Passos, Priscila Pires, Rallyson Gonçalves, Helena Bernardi, Vanessa Simioni Faria, Marcelle Lizandro, Fernando Bacal