Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Superioridade da avaliação clínica com o Escore de Congestão do Estudo Everest sobre o ultrassom pulmonar para estratificação de risco após internação por ICA

Introdução e/ou Fundamento

O Escore de Congestão do Estudo Everest (ECE) e o ultrassom pulmonar (UP) são empregados para avaliação de congestão e estratificar prognóstico antes da alta hospitalar por insuficiência cardíaca aguda (ICA).

Objetivo

Comparar a acurácia do ECE e do UP para detectar pacientes sob risco de eventos na fase vulnerável após hospitalização por ICA.

Materiais e Métodos

Investigou-se 92 pacientes hospitalizados por ICA, 58,2+13,7 anos, 54 (59%) homens, FEVE=28,2±13,6, com congestão na admissão e tratados com furosemida endovenosa, tempo de internação 11,3±5,6 dias. No dia da alta hospitalar, 2 observadores independentes e velados quanto aos demais resultados, aplicaram o ECE, atribuindo-se 0 a 3 pontos para intensidades crescentes de ortopneia, estase venosa jugular e edema periférico, e realizaram o UP utilizando 8 campos pulmonares do tórax anterior. Considerou-se congestos pacientes com ECE≥1 e pelo UP aqueles com ≥1 campo positivo (≥3 linhas-B) em cada hemitórax. Durante seguimento por 90 dias após a alta hospitalar (fase vulnerável) verificou-se os desfechos de uso de furosemida endovenosa ambulatorial (FEV), internação por ICA (HIC), evento de IC combinado de FEV ou HIC, morte por qualquer causa. A análise de regressão logísitica univariada foi empregada para testar a associação entre os achados do ECE e do UP, e de características clínicas e demográficas (idade, gênero, índice de massa corpórea, fração de ejeção do ventrículo esquerdo) com a ocorrência dos desfechos.

Resultados

ECE≥1 foi detectado em 37 (40,2%) pacientes e UP positivo em 14 (15,2%) pacientes. Naqueles com ECE=0, o UP detectou congestão residual em 4 pacientes. Durante a fase vulnerável, 30 (32,6%) pacientes tiveram desfechos: FEV n=14 (15,2%), HIC n=15 (16,3%), evento composto de IC n=26 (28,2%) e morte n=7 (7,6%). Não houve associação entre os desfechos com aspectos clínicos e demográficos. A tabela abaixo apresenta a análise de regressão logística para a associação do ECE e do UP com os diferentes desfechos. Observou-se que o UP positivo não se correlacionou com os eventos. Entretanto, pacientes com ECE≥1 exibiram associação significativa com desfechos, com risco 4,7 vezes maior de FEV e 2,8 vezes maior de evento combinado de IC.  

Conclusões

Os resultados indicam que o ECE é ferramenta útil para detectar congestão residual clinicamente relevante e associada a maior risco de eventos de IC na fase vulnerável, sendo superior ao UP para esta finalidade.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Flávio Henrique Valicelli, Sheila Carrar Hermann, Anderson Donizeti Rodrigues Dias, Fabiana Marques, Fernando Saraiva Coneglian, Henrique Turin Moreira, Marcus Vinicius Simões