Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Insuficiência cardíaca aguda em adulta por fístula aorta-átrio direito espontânea

Introdução e/ou Fundamento

Fístulas entre aorta e átrio direito são entidades raras, com prevalência aproximada de 1%. Podem ter origem congênita ou adquirida, associada a procedimento cirúrgico ou infeccioso. Sua apresentação clínica é variável e seu diagnóstico geralmente é por aortografia ou angiografia.  

Descrição do Caso

Mulher de 30 anos, tabagista e com diagnóstico prévio de valva aórtica bicúspide em acompanhamento, assintomática, há 7 anos; sem medicações de uso prévio. Deu entrada em emergência cardiológica por dispneia aos grandes esforços iniciada há um mês com piora progressiva. À admissão, tinha dispneia em repouso, ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Exame físico inicial: hipocorada +/+4, mínimos crepitantes em bases, presença de B3 e sopro contínuo +5/+6 em borda esternal esquerda média, situs cordis sem desvio; fígado 4 cm palpável. Sinais vitais: frequência cardíaca de 125 bpm e respiratória de 23 ipm, pressão arterial 120 x 50 mmHg e oximetria de 97%. Eletrocardiograma em ritmo sinusal, desvio do eixo para esquerda e alteração de condução do ramo direito. Radiografia de tórax evidenciou congestão pulmonar e índice cardíaco normal. Paciente foi manejada com diuréticos e vasodilatadores e melhorou do quadro de insuficiência cardíaca (IC) aguda. Ecocardiograma (ECO), inicialmente, transtorácico mostrou aumento de câmaras direitas, aneurisma de seio de valsalva e sugeriu refluxo severo de valva aórtica bicúspide. Porém, tanto a história da paciente quanto o exame físico não eram compatíveis com o último achado, sendo realizado um ECO transesofágico. Este evidenciou: função biventricular preservadas com aumento de câmaras direitas (volume do átrio: 72 ml/m², diâmetro do ventrículo: 48 mm), valva aórtica bivalvular com abertura e mobilidade preservadas, sem refluxo ou estenose; fístula de seio coronariano direito/não coronariano com fluxo diastólico para átrio direito de grau importante (com fluxo holodiastólico reverso em aorta abdominal). Além disso, havia forame oval pérvio. Na investigação etiológica, sorologias para sífilis, hepatites e HIV foram não reagentes. Após compensado quadro da IC, paciente foi submetida à correção cirúrgica, sem complicações. Recebeu alta estável clinicamente e com programação de acompanhamento ambulatorial.

Discussão e/ou Conclusão

O caso relatado aborda o diagnóstico diferencial de IC aguda, direcionando os exames complementares a partir da história e do exame físico. A fístula não apresentava características de causa congênita e a paciente não tinha quadro infeccioso ou pós-cirúrgico. Acredita-se que a fragilidade dos seios de valsalva, devido à aortopatia da valva aórtica bicúspide, levou à formação do aneurisma e posteriormente ao surgimento abrupto da fístula.   

Área

Relatos de Casos

Autores

CAROLINA JERONIMO Magalhães, RODRIGO RUFINO PEREIRA SILVA, RAFAEL SILVESTRE VIEIRA da Silva, Henrique Macedo Claudino, Enzo Macêdo Nunes, Fernando Rabelo de Oliveira Cavalcanti Filho, Clara de Andrade Pontual Peres, Marcela Vasconcelos Montenegro, Paulo Ernando Ferraz Cavalcanti, Adriana Koury , Flávio Feijó, Diana Lamprea