Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

CHOQUE CARDIOGÊNICO E A IMPORTÂNCIA DE NOVAS TECNOLOGIAS EM IMAGEM NO CONTEXTO DE EMERGÊNCIA: RELATO DE CASO

Introdução e/ou Fundamento

Com mortalidade intra hospitalar chegando a até 50%, o choque cardiogênico (CC) é uma síndrome grave, sendo secundário a infarto agudo do miocárdio em boa parte dos casos. Outras etiologias incluem insuficiência cardíaca aguda descompensada, arritmias e síndromes aórticas agudas (SAA). Na investigação etiológica, exames de imagem como ecocardiografia e angiotomografia computadorizada (angio-TC) ganham espaço.

Descrição do Caso

Idosa octogenária, hipertensa e com histórico de acidente vascular cerebral, foi admitida com dispneia, mal estar e desconforto torácico há vários dias. Na avaliação inicial apresentava sinais de congestão pulmonar com má perfusão periférica e taquicardia. Eletrocardiograma (ECG) realizado na admissão evidenciou padrão de taquicardia ventricular (TV) monomórfica, sendo realizado cardioversão elétrica (CVE) com 150J. ECG em ritmo sinusal mostrava onda T negativa em aVL com padrão de bloqueio de ramo direito e anterodivisional superior esquerdo. Coronariografia (CATE) realizada a seguir evidenciou aneurisma de aorta torácica descendente sem sinais de obstrução coronariana. Após ​CATE, paciente evoluiu com sonolência, taquipneia, hipossaturação, crepitantes até terço médio de ambos hemitóraces, TEC > 5 seg e mosqueamento com livedo, achados compatíveis com CC tipo C. Melhorou após manejo clínico com drogas vasoativas e diuréticos. Prosseguiu-se com uma Angio-TC para elucidação dos achados do CATE. Esta evidenciou hematoma intramural de aorta descendente torácica com imagem sugestiva de úlcera penetrante da aorta, além de redução de região apical do miocárdio do ventrículo esquerdo (VE) que, após incremento das imagens com reconstrução 3D com renderização, observou-se se tratar de aneurisma apical de VE, o que nortearia a investigação da origem do foco arritmogênico responsável pelo quadro de TV. Ecocardiograma transesofágico em sequência demonstrou FEVE de  23%, disfunção diastólica tipo II, HVE importante e déficit segmentar, confirmação do achado de aneurisma apical de VE com  imagem sugestiva de trombo móvel. A seguir, evoluiu com bloqueio AV total e novos episódios de TV com necessidade de CVE. Optou-se, então, por indicação de marcapasso definitivo e cardiodesfibrilador implantável. após implante do dispositivo, evoluiu com piora clínica infecciosa, vindo a óbito por quadro séptico.

Discussão e/ou Conclusão

Descrevemos um caso de choque de etiologia inicialmente indeterminada no qual o auxílio da Angio-tc com reconstrução em  3D com renderização foi importante para caracterizar melhor não só a SAA, mas também para evidenciar o aneurisma apical de VE, provável foco arritmogênico que não foi evidenciado pelo CATE. Logo, reforça-se que a disponibilidade de novas tecnologias, como a citada no caso, ajuda a incrementar a investigação, inclusive no ambiente de emergência.  

Área

Relatos de Casos

Autores

Mateus Soares Pereira, André Luiz Parreira Junior, Rodrigo Rufino Pereira Silva, Paulo Ernando Ferraz Cavalcanti