Dados do Trabalho
Título
Tuberculose Pericárdica em Paciente Pós-Transplante Cardíaco: Uma Entidade Rara
Introdução e/ou Fundamento
Doenças oportunistas são complicações comuns do pós-transplante relacionadas à imunossupressão, principalmente entre 2º e o 6º mês do procedimento, sendo os germes mais prevalentes o citomegalovírus, toxoplasmose gondii, aspergilose e a pneumonia por P.carinii. A tuberculose pericárdica é uma rara manifestação no pós-transplante cardíaco. A prevalência de tuberculose ativa entre receptores de transplantes de órgãos sólidos em países desenvolvidos variou de 1,2% a 6,4%, podendo ser consequência de infecção primária ou reativação. O acometimento pericárdico é incomum e existem poucos casos relatados de tuberculose pericárdica em pós-transplante cardíaco.
Descrição do Caso
G. L. M., masculino, 68 anos, paciente em acompanhamento por Insuficiência Cardíaca Reduzida de etiologia idiopática NYHA 4 – INTERMACS III, foi submetido ao transplante cardíaco com boa evolução. No 6º mês pós transplante apresentou cansaço aos moderados esforços, sendo excluída a possibilidade de infecções pulmonares, rejeição celular e humoral e de doença vascular do enxerto. Na tomografia de tórax foi visualizado abscesso em contato com o pericárdico medindo 5,0 x 8,3 x 6,2 cm e no ecocardiograma transtorácico derrame pericárdico loculado importante. Exames laboratoriais com leucócitos e proteína C-reativa dentro dos limites da normalidade. Realizado janela pericárdica e cultura da secreção positiva para Candida albicans, recebendo então 28 dias de fluconazol. Devido a manutenção dos sintomas e da coleção, o paciente foi submetido à pericardiectomia parcial via videotoracotomia esquerda com biópsia pericárdica. Na cirurgia foi realizado drenagem de grande quantidade de secreção purulenta, motivo pelo qual foi iniciado antibiótico endovenoso. Evoluiu com melhora clínica após alguns dias, recebendo alta com retorno ao ambulatório. A cultura da secreção foi negativa para bactérias aeróbias e anaeróbias, porém o resultado da biópsia pericárdica revelou presença de coloração Ziehl-Neelsen positiva com presença de BAAR. Iniciado o tratamento para tuberculose pericárdica com RIPE por 6 meses e boa evolução.
Discussão e/ou Conclusão
A tuberculose pericárdica é incomum e seus sintomas normalmente são inespecíficos e insidiosos, podendo atrasar o diagnóstico e consequentemente o tratamento, trazendo diversos malefícios ao paciente. O tratamento também tem os seus próprios desafios, que incluem interações farmacocinéticas entre os imunossupressores e antituberculosos, toxicidades medicamentosas relacionadas com aloenxertos e respostas imunitárias inadequadas ao Mycobacterium devido à imunossupressão exógena.
Área
Relatos de Casos
Autores
Brenda Gabriela Slongo, Giulia Herek Rossi, Luis Vicente Frare Kira, Karina Midori Nazima, Carlos Ehrl, Ana Karyn Ehrenfried de Freitas, Andressa de Oliveira Coiradas, Marcely Gimenes Bonatto