Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

RENDIMENTO DO TESTE GENÉTICO NO ESTUDO DE PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA DILATADA IDIOPÁTICA ACOMPANHADOS EM AMBULATÓRIO ESTADUAL

Introdução e/ou Fundamento

A cardiomiopatia dilatada (CMD) tem etiologia multifatorial, representando cerca de 31% das hospitalizações por insuficiência cardíaca (IC). Testes genéticos apresentam aplicação crescente em sua estratificação de risco, com rendimento variável entre 15-40% nessa população, porém, no Brasil, carecem estudos sobre o tema.

Objetivo

Verificar o rendimento do teste genético em pacientes diagnosticados com fenótipo de CMD.

Materiais e Métodos

Estudo observacional transversal de 46 pacientes com CMD idiopática, adultos, acompanhados em ambulatório de referência. Foram coletados dados clínicos e amostra sanguínea para sequenciamento do exoma completo mediante técnica de Sequenciamento de Nova Geração. A classificação das variantes genéticas seguiu o consenso do Colégio Americano de Genética Médica e Genômica. O rendimento do teste genético foi calculado pela proporção de resultados positivos, em que foi encontrada variante provavelmente patogênica e/ou patogênica.

Resultados

A idade média foi de 49±13,6 anos, sendo maioria de sexo masculino (56%), pardos (59%), procedentes da região metropolitana do Recife (63%). As comorbidades mais prevalentes, em ordem decrescente, foram: sedentarismo, hipertensão e diabetes mellitus tipo 2. Dentre os participantes, 93,5% eram portadores de IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) e 4% apresentavam IC com fração de ejeção melhorada, persistindo com dilatação do ventrículo esquerdo. 17% da amostra são portadores de dispositivo cardíaco implantável, dos quais 37,5% apresentam cardiodesfibrilador-ressincronizador. Em 50% foi relatado familiares com morte súbita e em 13% havia relato de consanguinidade (67% entre genitores). O sequenciamento do exoma obteve rendimento de 26%, sendo 33% referente a variantes patogênicas e 67% a provavelmente patogênicas. 22% dos laudos tinham apenas variantes de significado incerto (VUS) e 48% não identificaram nenhuma mutação. Dentre os laudos positivos, o gene de destaque foi a titina (TTN), presente em 50% dos casos, todos eles eram portadores de ICFEr. Mutações patogênicas também foram identificadas nos genes BAG3 e TTR, enquanto as provavelmente patogênicas tiveram associação com ABCC6, DMD e RBM20. Dentre as VUS, 30% foram encontradas no gene MYH7.

Conclusões

O rendimento do teste genético na CMD esteve de acordo com a literatura, inclusive com a maior porcentagem de resultados positivos associados ao gene TTN. A frequência de variantes em tal gene foi superior ao previsto em trabalhos internacionais (25% dos casos de CMD familiar), é possível considerar que o elevado índice de consanguinidade tenha algum papel neste cenário. Assim, o estudo destaca a importância do teste genético na avaliação de pacientes com CMD em diferentes populações.  

Área

Pesquisa Clínica

Autores

MARCELA VASCONCELOS MONTENEGRO, TAYNE FERNANDA LEMOS DA SILVA, CARLOS EDUARDO LUCENA MONTENEGRO, MARIA ELISA LUCENA SALES DE MELO ASSUNÇÃO, MARIA DAS NEVES DANTAS DA SILVEIRA BARROS, AFONSO LUIZ TAVARES DE ALBUQUERQUE, MARIA DA PIEDADE COSTA REIS DE ALBUQUERQUE, MARIA DA GLORIA AURELIANO DE MELO CAVALCANTI, CELINA MARIA DE CARVALHO MAGALHÃES, WILSON ALVES DE OLIVEIRA JÚNIOR, LUCAS VIEIRA LACERDA PIRES, SILVIA MARINHO MARTINS ALVES