Dados do Trabalho
Título
Lesão de tronco de coronária esquerda em um paciente com cardiomiopatia hipertrófica apical assimétrica: relato de caso
Introdução e/ou Fundamento
A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é causada por múltiplas mutações nos genes que codificam proteínas do sarcômero cardíaco. Representa a causa mais comum de morte súbita em jovens. Em uma minoria considerável, o espessamento da parede é limitado a áreas segmentares, incluindo a porção mais distal do VE, considerado como forma apical. A doença de Yamaguchi é um fenótipo distinto associado a negatividade acentuada da onda T no eletrocardiograma (ECG). O quadro clínico varia de assintomático a quadros de baixo débito e morte súbita. Uma pequena porcentagem desses pacientes evolui com quadros de infarto agudo do miocárdio, embora sintomas de angina apresentem-se com certa frequência.
Descrição do Caso
Paciente masculino, 54 anos, procurou atendimento médico por apresentar quadro desconforto precordial em aperto iniciado há 3 horas, sem irradiação, associado a tontura e sudorese fria. Apresenta como antecedentes pessoais soropositividade para HIV em tratamento regular com antirretrovirais e história familiar positiva para morte súbita do pai e dois irmãos, o mais novo aos 52 anos. Solicitado ECG de 12 derivações (Figura 1): Ritmo sinusal, com eixo normal, presença de infra de ST maior que 1 mm nas derivações V3-V6, com onda T invertida e profunda. Onda T invertida em D1, D2 e AVL. Ecocardiograma trans torácico sugestivo de cardiomiopatia apical assimétrica, confirmada pela ressonância magnética do coração. Nesse contexto clínico, foi optado por realização de cateterismo cardíaco com os achados de DAC multiarterial com lesão de tronco de coronária esquerda ostial sendo realizada revascularização miocárdica, procedimento ocorreu sem intercorrências.
Discussão e/ou Conclusão
A cardiomiopatia hipertrófica do tipo apical apresenta-se normalmente no departamento de emergência com o paciente apresentando dor torácica anginosa, associado a um ECG e marcadores de necrose alterados, mimetizando desse modo a síndrome coronariana aguda. O manejo clínico desse paciente consiste em tratamento de suporte para a cardiopatia e tratamento cirúrgico para doença arterial coronariana, conforme orientações das diretrizes atuais. Ainda há muito o que ser avaliado e discutido para que haja um consenso entre diagnóstico, manejo e avaliação do paciente com CMH apical em associação com doença arterial coronariana, com intuito de que no futuro outros pacientes se beneficiem de tais medidas.
Área
Relatos de Casos
Autores
Caio Cezar Gomes Rezende, Aline Figueiras da Trindade