Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Custo-efetividade de antagonistas de receptores mineralocorticoides na insuficiência cardíaca isquêmica e não isquêmica com fração de ejeção reduzida: o caso brasileiro

Introdução e/ou Fundamento

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) gera impacto significativo em países de renda média como o Brasil. Há mais de 20 anos, os antagonistas dos receptores mineralocorticóides (MRAs) são reconhecidamente essenciais no manejo da IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr). Entretanto, a baixa taxa de prescrição de espironolactona em registros contemporâneos com o BREATHE sugerem que haja fatos que precedem o benefício clínico. Estudos dedicados a compreender a baixa taxa de utilização de espironolactona em diversos países apontam para o treinamento limitado dos prescritores e o temor de efeitos colaterais como hipercalemia e ginecomastia. A recente introdução de MRAs de terceira e segunda geração no Brasil (2023) como finerenona e eplerenona torna a avaliação do custo-efetividade vital para otimizar as estratégias de tratamento da ICFEr no Sistema Único de Saúde.

Objetivo

Este estudo tem como objetivo avaliar o custo-utilidade de MRAs versus nenhum tratamento com MRA, bem como MRAs de segunda/terceira geração versus espironolactona em indivíduos com ICFEr sintomática, especificamente sob a perspectiva do sistema público de saúde brasileiro.

Materiais e Métodos

Usamos uma Rede Bayesiana e Diagramas de Influência de Markov para estimar as razões incrementais de custo-efetividade (ICERs) em dólares internacionais (Int$) por ano de vida ajustado pela qualidade (QALY). O modelo incorporou taxas de descontinuação reais e aplicou uma taxa de desconto anual de 5% a patir do 2o ciclo. Para alimentar o modelo de custo-efetividade, realizamos revisão sistemática com meta-análise de rede (NMA) para avaliar a eficácia dos MRA (PROSPERO: CRD42024518502). Em paralelo, utilizando dados de uma coorte de 1.066 pacientes brasileiros com ICFEr (36% com IC isquêmica e 64% com IC não isquêmica).

Resultados

Ao longo de 10 ciclos (10 anos), o tratamento com espirono, eplerenona e finerenona em comparação com a não utilização de MRA rendeu 0,072, 0,111 e 0,034 QALY adicionais com desconto por pessoa. As ICERs foram de Int$ 7.955, 6.460 e 109.840 por QALY ganho, respectivamente. Em comparação com a espirono, a eplerenona apresentou uma ICERs de Int$6.178 por QALY ganho. Assumindo um limite de disposição a pagar de um PIB per capita brasileiro (Int$ 17.589) por QALY ganho, o resultado da análise de sensibilidade probabilística sugere que a espirono, a eplerenona e a finerenona foram custo-efetivas, respectivamente, em 87%, 92% e < 1% das iterações. Os IC95% foram Int$ 2.282 a 13.149 para espirono, Int$ 1.795 a 12.351 para eplerenona e Int$ 89.943 a 136.302 para finerenona por QALY ganho. Os resultados foram consistentes em IC isquêmica e não isquêmica, bem como diversos outros cenários.

Conclusões

Conclusão: A eplerenona é provavelmente o MRA mais custo-efetivo no Brasil no presente, considerando indivíduos com ICFEr isquêmica e não isquêmica

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Cristiane Koeche, Ana Claudia Cavalcante Nogueira, Adriana J. B. A. Guimarães, Júlia Andrade Ibiapina Parente, MARIANA GUIMARÃES SOUZA DE OLIVEIRA, ADRIANA LINO YAMADA, ANA GIULLIA MARTINS CAPPELE, Luna Oliveira dos Santos Dourado, ANA LUÍSA BERTUOL BOAVENTURA, Alice Pacheco Santos, André Vilarouca Nunes, Verônica Homem de Carvalho e Silva, Mariana S Pfitzner, Andrei Carvalho Sposito, Luiz Sergio Fernandes de Carvalho