Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Desafios da dengue em pacientes transplantados: um relato de caso

Introdução e/ou Fundamento

A dengue é uma doença de alta incidência no Brasil, atualmente em uma epidemia. Os transplantados de órgãos sólidos, por serem imunossuprimidos, podem estar mais suscetíveis a manifestações graves da doença.

Descrição do Caso

J.E, masculino, 64 anos, transplantado cardíaco de 2003, com antecedente de miocardiopatia chagásica. Portador de doença renal crônica dialítica, submetido a transplante renal em março/2024. Estava em uso de tacrolimus 5 + 5 mg, micofenolato 360 mg 12/12h e prednisona 20 mg/dia. Procurou atendimento em 29/04/24 devido a mialgia, tosse, coriza, odinofagia e febre. Realizado painel viral, positivo para Influenza A, sendo iniciado oseltamivir. Manteve febre por mais 4 dias, evoluindo com melhora nos dias seguintes. Laboratório com plaquetopenia leve. Uma semana após os sintomas iniciais, apresentou piora clínica e laboratorial - prostração, taquipneia, leucocitose e piora da plaquetopenia. Evoluiu com sonolência e confusão mental, pancitopenia, disfunção renal, dor abdominal, hepatite e pancreatite, derrames cavitários (derrame pleural e ascite) e sangramentos (melena e hematúria). Em 15/05/24, realizada coleta de NS1 e IgM para dengue, ambos positivos, com IgG negativo. Iniciada hidratação endovenosa, evoluindo com melhora clínica e laboratorial em cerca de duas semanas.   

Discussão e/ou Conclusão

A dengue é uma doença infecciosa causada pelo vírus da família Flaviviridae (variantes DENV 1-4), transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O quadro clínico é caracterizado por febre, mialgia, dor retro-orbitária, artralgia, cefaleia e rash cutâneo. Alguns casos podem evoluir com sinais de alarme, geralmente entre o 3º e o 7º dias - dor abdominal e vômitos, derrames intracavitários, sangramentos de mucosas, letargia/irritabilidade, hipotensão postural, hepatomegalia e aumento de hematócrito. Casos mais graves evoluem com choque, sangramentos graves e disfunção orgânica grave. O diagnóstico é feito pelo NS1 (geralmente positivo até o 5º dia de doença) e pela sorologia (positiva a partir do 6º dia). O tratamento inclui hidratação oral ou endovenosa, de acordo com o grupo de risco. Existem poucas informações disponíveis na literatura sobre as particularidades da dengue nos transplantados cardíacos. Dados de séries de casos focadas em receptores de transplante de órgãos sólidos (rim e fígado) mostram alta prevalência de dengue com sinais de alarme, além de altas taxas de internação, inclusive em terapia intensiva.   

Área

Relatos de Casos

Autores

Natália Carvalhinho Carlos de Souza, Matheus Carvalho Alves Nogueira, Tamara Cristina Treib, Mônica Samuel Avila Grinberg, Luís Fernando Bernal da Costa Seguro, Iáscara Wozniak de Campos, Fabiana Goulart Marcondes Braga, Sandrigo Mangini, Fernando Bacal