Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE ETIOLOGIA CHAGÁSICA NO SÉCULO XXI – ANÁLISE DO PERFIL CARDIOMETABÓLICO DE PACIENTES ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA

Introdução e/ou Fundamento

A Doença de Chagas (DC) é endêmica no Brasil e tem apresentação variável, desde assintomática até manifestações graves como a cardiopatia, dos quais cerca de 10% evoluem para Insuficiência Cardíaca (IC). Caracteristicamente esse grupo de pacientes era formado majoritariamente por jovens oriundos da zona rural e sem os fatores de risco clássicos para doença aterosclerótica.  Com o aumento da prevalência das doenças crônicas na população em geral, indaga-se se também ocorreu tal mudança nessa população.

Objetivo

Avaliar o perfil cardiometabólico atual de pacientes com IC de etiologia chagásica.

Materiais e Métodos

Estudo transversal sediado em ambulatório de referência em IC e DC em Pernambuco. Foram incluídos 276 pacientes acima de 18 anos, de ambos os sexos, diagnosticados com IC e com registro prévio ou atual de Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) reduzida pelo ecocardiograma transtorácico, convocados entre abril de 2018 a dezembro de 2023. A amostra foi dividida mediante a causa da IC em dois grupos: grupo A - etiologia chagásica; grupo B - demais etiologias. A partir disso, traçou-se o perfil cardiometabólico dos pacientes a fim de comparar os dois grupos. A análise estatística foi realizada através do software SPSS 20.0, aplicado o teste Qui-quadrado para comparação das variáveis qualitativas e nível de significância foi defininido por p<0,05.

Resultados

Ambos os grupos eram majoritariamente formado por homens [A- 52,3% / B - 62,7% - (p=0,103)], cor parda [A-52,9%/ B-51,7% (p = 0,336)] e baixa escolaridade [A-88,6%/ B-63,2% (p= 0,0001)]. O grupo com DC era majoritariamente natural do interior Pernambucano (66,4% - p=0,0001), com 48,9% procedentes da Região Metropolitana do Recife (p=0,0001). Quanto ao perfil clínico, não houve diferença estatística entre a classe funcional da IC. Com relação às comorbidades, a Hipertensão Arterial[A-55,7%/B-78% (p=0,001) e Dislipidemia, sendo a Hipertrigliceridemia [A- 25,3%/ B-41,5% (p=0,010)] e a presença de HDL-c baixo [A-27,1%/B-45,6% (p=0,004)], as comorbidades mais frequentemente associadas.

Conclusões

Houve uma mudança clara no perfil clínico dos indivíduos afetados pela DC, com aumento da frequência de comorbidades como hipertensão arterial, hipertrigliceridemia e HDL-c baixo, apesar de inferior as demais etiologias. No entanto, observou-se baixo nível de escolaridade entre os portadores de DC, reforçando que, mesmo com algumas mudanças, a DC aponta para um perfil populacional socialmente negligenciado. Dessa forma, o estudo descreve alterações nas característica clínicas de pacientes com DC através do aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, a qual já é observada na população brasileira em geral.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Celina Maria de Carvalho Guimarães, Marcela Vasconcelos Montenegro, Silvia Marinho Martins Alves, Carolina de Araújo Medeiros, Cristina de Fátima Velloso Carrazzone, Wilson Alves de Oliveira Junior